Mosaicos e monumentos

Artista Cida Carvalho transforma seu olhar sobre a capital do Brasil em artes plásticas

Matheus Ferraz/LS | Ed. 99 mai 2019

O Espaço Cultural Murat Valadares, no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, recebeu, durante o mês de maio, a exposição “Pertencer”. As obras foram produzidas pela artista Cida Carvalho, que trouxe um olhar dos monumentos e da estética de Brasília em formato de mosaico.

De acordo com Cida, o nome da exposição veio da sua mudança para Brasília: ela nasceu em Curitiba e escolheu a capital federal para morar. “Quando você escolhe um espaço para viver, a sensação de pertencimento é muito grande. Em homenagem a isso, nomeei esta exposição como ‘Pertencer’”, explica a artista.

Além de as mais famosas construções de Brasília, a exposição aborda a fauna, a flora e o cerrado. Segundo a autora, a ideia é trazer o melhor da cidade com a junção de alguns trabalhos que complementam a exposição com temas diferentes.

Para produzir os quadros, Cida começa com um lápis fazendo o esboço da obra. Com o rascunho pronto, as peças começam a ganhar forma utilizando-se pedaços de cerâmica, pastilhas, vidros coloridos, pedras brasileiras, mármore, granito e vários outros materiais. “As características desses objetos juntos é que eles são perenes (que se conservam), porque mosaico é uma obra que se chama ‘pintura para eternidade’ justamente por ser confeccionada a partir de materiais perenes”, afirma Cida.

No Brasil, um dos maiores exemplos da técnica se encontra aos pés dos cariocas. Os mosaicos de ondas nas calçadas de Copacabana, no Rio de Janeiro, trazem o melhor da arte em um espaço público. Além disso, peças de mosaico são facilmente encontradas em igrejas, museus, avenidas, palácios brasileiros e artesanatos.

Breno Trolesi

Formada em História da Arte, a artista descobriu-se tão apaixonada por mosaicos que deixou de lado a restauração de obras e pinturas antigas em Curitiba para se dedicar à técnica, que consiste na colagem de pequenas peças com diversos formatos geométricos que produzem imagens, figuras ou objetos abstratos. Trata-se de um método milenar criado pelos mesopotâmicos e que está presente no mundo desde 3.500 a.C.

Com 22 anos de trajetória, a artista explora o melhor dos mosaicos e tem como referência o arquiteto Gaudí, que revolucionou a àrea com seus grandes revestimentos em cacos de cerâmica. Ela conta que também se inspira em Alfredo Mucci, Bel Borba, Maria Helena Asinelli, Edda Mally e Sonia King.

Além de administrar uma escola de mosaico, Cida expõe suas obras pelo País e pelo mundo. Recentemente, ela esteve em Israel por três meses e relata uma das maiores conquistas de sua carreira: a encomenda pela Embaixada de Israel de uma escultura representando as sete sementes sagradas de Israel. A obra foi colocada no Jardim Botânico de Brasília, durante a abertura do Jardim Bíblico, em 2018.