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A Veneza Portuguesa

Art Nouveau, canais urbanos e ovos moles: conheça as descobertas de Euvaldo Pinho na cidade de Aveiro, em Portugal

Euvaldo Pinho/LS*
Ed. 97 Mar 2019

Em um dia de chuva, encontrei a bem estruturada cidade de Aveiro, também conhecida como “a Veneza Portuguesa”. Minha chegada foi impactante, tendo em vista que os quatro canais urbanos estavam cheios de moliceiros, embarcações originalmente usadas para apanhar moliço, plantas aquáticas colhidas para utilização na agricultura. Os moliceiros hoje em dia são usados para fins turísticos, também são chamados de gôndolas pela semelhança com os barcos típicos de Veneza, na Itália.

Aveiro é um município entrecortado por diversas ruas estreitas e vários canais, o que facilita bastante o deslocamento e a visitação dos turistas que, assim como eu, muito se encantam com o trajeto.

Depois de estacionar com todo o cuidado visando à segurança (neura de brasileiro), munido de um guarda-chuva, saí a campo em busca de conhecer e fotografar a região e, ainda, matar a fome, não necessariamente nessa ordem. Sem perda de tempo, e maravilhado, parti para os registros fotográficos dos lugares por onde passávamos com enfoque nos detalhes.

 Seguimos por belíssimas ruelas, esquinas  pontiagudas e orlas de praias fenomenais. É interessante como para nós, turistas, tudo é belo, lindo e interessante, mesmo na chuva!

Como em todo o Portugal, a arquitetura de Aveiro utiliza azulejos, tanto nas fachadas quanto nos interiores de suas construções, com o principal conjunto arquitetônico localizado no centro da cidade, nas proximidades do Rossio (Praça Dom Pedro IV).

A Art Nouveau, ou seja, a Arte Nova de Aveiro é reconhecida internacionalmente, o que a leva a fazer parte da “Réseau Art Nouveau Network”[1], constituída por 20 cidades europeias, tais como Barcelona, Glasgow, Bruxelas etc. 

Para se contemplar a maravilha da cidade basta prestar atenção nas fotos, nos desenhos das calçadas de pedras portuguesas tão bem elaboradas e assentadas que importamos para a famosa calçada de Copacabana/RJ, para o calçadão do Relógio de São Pedro, em Salvador/BA, e para vários outros locais brasileiros.

Em um dado momento, bateu a fome e parti em busca de um lugar para comer, de preferência utilizado pelos moradores locais, para acharmos um BB (bom e barato). Em Aveiro, é bom que se diga, tudo ficou bem em conta, pois os preços são bem acessíveis.

Ao fim de uma praça com uma grande igreja, encontrei uma autêntica confeitaria portuguesa, daquelas padarias aonde do inicio ao fim do dia os moradores vão em busca de pão e de outras delícias que pontuam a gastronomia de Portugal. 

Fartamo-nos de salgados portugueses, e entre os doces não posso deixar de dar um destaque especial aos “ovos moles”, que é uma maldade para diabéticos como eu. É uma iguaria regional, típica de Aveiro, fabricada antigamente pelas freiras com massa de hóstia e uma receita de gema de ovos com açúcar, incrivelmente delicada e saborosíssima.

 Devidamente abastecido de combustível gastronômico, com ênfase nos bolinhos de bacalhau, continuei clicando com minha máquina fotográfica e aproveitando a luz do sol.

Embarquei em um moliceiro à procura dos detalhes daquela cidade tão especial. Os passeios a bordo dessa embarcação duram aproximadamente 45 minutos e custam, por pessoa, entre 10 e 15 euros.

 Outro elemento característico de Aveiro é o sal marítimo, 100% natural, que não sofre nenhum processo de industrialização. É extraído das salinas na “Ria de Aveiro” ou estuário do rio Vouga. Para se ter uma ideia da representatividade da extração do sal português em Aveiro, informo que o mais antigo documento sobre o produto data do ano de 959.

Ao retornar para o Brasil, fui pesquisar também sobre os “ovos moles”, descobrindo que a especialidade aveirense recebeu certificação da União Europeia e da “Indicação Geográfica Protegida”[2]. Viajando e aprendendo!!!

*Euvaldo Pinho é servidor aposentado da JFBA e colaborador da revista

Legendas e fotos do autor

 

 

 

[1] Rede de cooperação criada em 1999 para garantir pesquisa, conservação, exposição adequada e conscientização acerca da Art Nouveau.

[2] Classificação ou certificação oficial regulamentada pela União Europeia atribuída a produtos gastronômicos ou agrícolas tradicionalmente produzidos em uma região.

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