Natal inusitado
Castelos pomposos, história, culinária farta, bons vinhos e água potável disponível em fontes! Esses foram alguns dos encantos de Viena que Euvaldo Pinho mostra nesta edição de Por Aí!
Vaso de flores de Sissi | Ruas de Viena | Prefeitura de Viena |
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Patisseurie, fartura | Parque vienense | Os canais de Viena |
Ferdinand Raimund | Johan Strauss | Feira de Natal nas ruas |
Estátua_de_Sissi | Centro de mesa de Sissi | Calçada_em_Viena |
Aguardando mesa no frio | Degustação_Vienense | Afago de netas |
Decoração natalina |
Euvaldo Pinho/TS*
Ed. 95 Dez 2018/Jan 2019
É sempre bom ir em busca do inusitado, e para isso segui para Viena com esposa, filho, nora e netas para curtir o Natal de 2018, em costumes diferentes, com um pouco de chuva, bastante frio e muita historia para conhecer e passar para os mais novos.
Meu filho preparou todo o roteiro, desde a passagem aérea a hotel, museus, restaurantes, etc. Mais uma vez fiquei admirado como as coisas funcionam direitinho por lá, com ênfase para respeito, pontualidade e praticidade. Do aeroporto fomos de trem direto ao centro da cidade e, ao desembarcar, puxando nossas malas, chegamos ao hotel!
A cidade toda enfeitada com a decoração natalina foi nossa primeira boa impressão, mas à noite é que tudo ficou mais belo.
Coisa impossível por lá: não aparentar ser turista! Isso porque, em tempo integral, ficamos a olhar para todos os lados apreciando a arquitetura dos prédios localizados, em sua maioria, no centro histórico. A começar pela medieval Catedral de Santo Estevão, em estilo gótico, até o Palácio de Schönbrunn que, apesar de não ser o maior, é o mais belo palácio de Viena. Foi lá que viveu a imperatriz e rainha Sissi em um dos seus 1.441 aposentos.
Não encontro palavras para descrever o que experimentei na visita ao Palácio de Sissi. Dei asas à minha imaginação para tentar conceber como seriam as festas, andar e dançar com aquelas roupas, os homens de sapato alto. Como seriam os jantares de gala com aquele requinte que vi nos pratos, talheres, baixelas, tapetes e demais adornos? Imagine o cerimonial deles, os banheiros da imperatriz, a ala interna de serviço onde transitavam os serviçais! Simplesmente espetacular, fantástico!
A qualquer hora do dia podemos transitar em Viena sem medo, a segurança é total, e a água que sai de suas torneiras é potável, proveniente dos Alpes (difícil foi explicar às netas por que em nosso país não podemos fazer a mesma coisa). Não é à toa que o lugar foi escolhido pela sexta vez consecutiva a cidade de melhor qualidade de vida do mundo. Um dos grandes filhos da Áustria é um dos mais famosos músicos e compositores que conhecemos – Wolfgang Amadeus Mozart. Outro destaque é para os canais que cortam partes da cidade e que à noite, iluminados, brilhavam para nós, apesar da chuva e do frio.
Buscando uma pâtisserie estilo austríaco, saímos do hotel pela manhã no intuito de tomarmos um verdadeiro café vienense, e a umas três quadras dali encontramos um que até as 11h tinha fila para entrar. Como éramos seis, ficamos aguardando uma mesa grande para, em seguida, nos deliciarmos e, por que não dizer, para quase almoçarmos com a qualidade e a quantidade da culinária austríaca.
Registro, também, a excelência dos vinhos locais que, para degustarmos mais variedades, pedíamos uma taça de cada deles, trazidos à mesa com um dosador em forma de pequeno vaso. Interessante!!
Em vários lugares, inclusive na comemoração do Natal, vimos as famosas "feirinhas de Natal" montadas em pontos estratégicos nas ruas da cidade, com barracas caracterizadas onde encontrávamos à venda desde a comida, objetos típicos e bebidas quentes, tais como o tradicional "ponche de frutas com vinho quente", ao famoso chocolate cremoso. No dia 24/12/18, em frente à prefeitura, ficamos a tarde inteira e parte da noite numa dessas feiras em que as bebidas quentes nos ajudaram a enfrentar o frio, sem deixar de comer as salsichas vienenses que são consideradas as melhores do mundo, com o quê eu concordo.
O que mais nos encantou foi, sem sombra de dúvida, a visitação a um dos museus da rainha Sissi, mansão que contém utensílios que foram utilizados por ela, inclusive seus aposentos onde eram lavados por mais de três horas seus um metro e oitenta centímetros de cabelos. Passamos mais de quatro horas fazendo a visita, e eu confesso que para curtir e tentar compreender como foi a vida naquele pomposo palácio seriam necessários mais de dois dias.
As noites que por lá passamos foram curtidas a pé, como faz todo o turista que se preze, apreciando os prédios iluminados, monumentos e parques muito bem cuidados.
Fomos ao restaurante Stadt Heuriger Giger, simples, típico e em que nos foi sugerido pedir um Heurigenplatten, que nada mais é do que uma tábua de petiscos frios e quentes, salgados e doces de Viena. Pensem em comer pequenas e variadas porções deliciosas só encontradas por lá! (hummm)!
Confesso que me chamou a atenção, em uma tarde, num parque onde minhas netas brincavam, a chegada de um carro popular, novo e com um funcionário devidamente uniformizado que desembarcou com um balde e objetos de limpeza. O moço foi para um banheiro público, fez ali a higienização do toalete e se retirou em seguida. Primeiro mundo é Primeiro Mundo!!!! Fiz questão de entrar no sanitário público após a saída dele e constatei o esmero no trabalho. Que exemplo a ser seguido! Desculpem-me por falar sobre esse assunto, mas acredito ser um relevante dado comparado ao que temos; ou melhor, ao que não temos, muitas vezes, essa prática no nosso País. Será que algum dia chegaremos a esse grau de urbanidade?
*Euvaldo Pinho é servidor aposentado da JFBA e colaborador da revista
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