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VOLUNTÁRIOS DA VACINA

#PorMimPorVocê – Conheça os profissionais da Saúde que se voluntariaram para participar dos testes da vacina contra o novo coronavírus – o imunizante que o mundo aguarda contra a Covid-19

Ana Paula Souza  |   Ed. 112 Ago 2020

Desde que o mundo paralisou suas principais atividades em março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia por causa do novo coronavírus, a busca por uma vacina que possa combater e prevenir a doença se tornou um grande anseio nos quatro cantos do mundo.

E embora o desenvolvimento de uma vacina costume levar anos até que a fórmula seja produzida e testada para só aí ser liberada, diante da situação atual, a comunidade científica, como nunca visto antes, acelerou o passo para encontrar a solução que possa imunizar as pessoas. O resultado é que pesquisadores estão empenhados para apresentar uma vacina eficaz contra a Covid-19 até o fim deste ano.

Vários ensaios clínicos já estão em fase de testes em seres humanos. No Brasil, cerca de nove mil voluntários, que trabalham na área da Saúde, devem participar dos testes de vacinas que estão sendo desenvolvidas pela China e pela Inglaterra.

Nossa reportagem conversou com o responsável no Hospital Universitário de Brasília (HUB) pelos testes da vacina chinesa, da empresa Sinovac Biotech, o farmacêutico Fernando Araújo Rodrigues de Oliveira, e com alguns voluntários.  A ideia é saber como está o andamento dos testes e como se sentem esses voluntários que participam desse projeto para um resultado pelo qual o mundo inteiro anseia.

 

LIBERTAR AS PESSOAS

Fernando Araújo Rodrigues de Oliveira é chefe do Setor de Gestão de Pesquisa e Inovação Tecnológica do HUB. Ele explicou que a unidade é responsável por operacionalizar todas as pesquisas clínicas no hospital. É nesse setor que se viabiliza o desenvolvimento de ensaios clínicos de forma que os protocolos possam ser aplicados de maneira rigorosa para se obterem os resultados com a confiabilidade que se espera.

 “No caso dessa vacina, nós estruturamos todo um ambulatório, separamos uma equipe de pesquisa para que todos os protocolos desse estudo clínico, que foi previamente avaliado e autorizado pelos órgãos competentes, fossem executados da forma ideal”, destacou.

Os testes no HUB estão sendo realizados em 800 voluntários. Todos passaram por uma análise clínica para avaliação das condições de saúde e receberam duas doses da fórmula produzida. A partir de agora serão acompanhados por até 12 meses para verificação das reações.  Os testes começaram no dia 5 de agosto, e todos os participantes devem relatar suas condições de saúde em um diário em que é preciso constar qualquer tipo de alteração na normalidade clínica e informação de sinais vitais e temperatura do dia.

Fernando explica que uma equipe de 25 pessoas trabalha exclusivamente na operacionalização desse projeto. Para ele, a vacina é a estratégia mais eficaz. "É um projeto ousado, é uma responsabilidade e uma emoção muito grande participar de um processo que eu acredito ser a estratégia mais efetiva de controle desta pandemia e a melhor saída. A vacina vai libertar as pessoas. Contribuir para a solução do problema é algo que gera, em todos nós envolvidos, satisfação. É o trabalho mais ousado, mais diferente e o mais importante de que já participei como profissional de farmácia, pois demanda um esforço enorme que depende de muitas pessoas. Estamos todos muito empenhados", expressou.

A seleção de voluntários seguiu critérios importantes: ter mais de 18 anos, trabalhar em serviço de saúde atendendo a pessoas com Covid-19, não ter sido diagnosticado ou testado positivo para o novo coronavírus, ter registro no conselho profissional regional (de cada profissão, afinal são vários profissionais de diversas áreas como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas etc), não apresentar doença crônica, não participar de outro ensaio clínico e, no caso das mulheres, não estar gestante.  

Voluntários contam um pouco da experiência

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Joelma de Souza. técnica de enfermagem, 36 anos.

"Ser voluntária de uma pesquisa de tamanha importância é algo prazeroso principalmente em saber que os resultados sendo positivos, muitas vidas serão poupadas. Muitos profissionais de saúde perderam a luta para a Covid-19, principalmente da categoria de que faço parte, que é a enfermagem, pois somos nós que ficamos prestando assistência diretamente ao paciente 24 horas.  Assim, a liberação de uma vacina é a luz no fim do túnel que muitos estão à procura e a garantia da preservação da vida de muitas pessoas. É um prazer saber que estou contribuindo para ciência, ainda mais nesta situação em que estamos vivemos. Já tomei as duas doses e até o momento não apresentei reações".

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Gabriel Ravazzi. Médico gastroenterologista e clínico-geral, 31 anos.

"Quando soube dessa oportunidade de poder ser um voluntário para os testes da vacina foi um misto de sensação positiva de alegria, esperança e confiança de que estaremos dando um passo muito grande em busca de uma solução para a pandemia. Ter sido escolhido foi muito gratificante por saber que agora eu estaria não só contribuindo na assistência direta a esses pacientes infectados, mas como voluntário desse projeto. Fui, inclusive, questionado por familiares e amigos sobre a segurança de participar de algo até então desconhecido, de possíveis efeitos colaterais da vacina. Mas para mim essas indagações eram pequenas se comparadas ao passo tão importante que estaríamos dando em contribuir com a ciência em busca da tão sonhada vacina. Penso que todos os voluntários também têm esta mesma sensação, pois como um dos requisitos para participar desse estudo é estar em contato direto com pacientes infectados, todos nós estamos vivenciando esta triste situação, este desafio de lidar com uma doença sem nenhuma evidência científica robusta quanto ao tratamento medicamentoso.  Estamos vendo pessoas jovens, idosos, pacientes com ou sem comorbidades, pais, filhos, irmãos morrerem, e mesmo com tanto esforço por parte da equipe nós não conseguimos mudar a evolução da doença. Então, este sentimento de impotência neste momento se transformou em esperança, né? E sabemos que para esta esperança se tornar realidade com resultados positivos e com segurança depende muito da nossa contribuição como voluntário. Fui o primeiro voluntário a receber a vacina, já passei por duas avaliações e não apresentei nenhum sintoma de reação".  

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Maria das Dores, Enfermeira.

"Poder participar desse projeto da vacina me faz sentir confiante e feliz por contribuir para a cura desta doença. Essa vacina é promissora e tem tudo para dar certo. Estou confiante e feliz. Já tomei as doses e estou me sentindo super bem. Não apresentei reações".

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 Larissa Bragança, médica de clínica geral, 33 anos.

"A vontade de ver o fim da pandemia foi o principal motivo que me levou a participar desse estudo. Atendendo aos pacientes, eu nunca tinha visto sintomas tão graves. Fiquei preocupada ao perceber uma doença sem controle e sem critérios para formas graves e não graves. É apreensivo e amedrontador. Por isso, vale a pena se arriscar e contribuir para que essa vacina seja disponibilizada o mais rápido possível para proteger a população. É o momento de cada um fazer a sua parte e o que é possível. E se agora eu posso ajudar sendo voluntária, não há porque não colaborar. Após tomar as duas doses da vacina ainda não apresentei nenhuma reação. Sinto-me, estou confiante".

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