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Esgotamento
Entenda a síndrome de burnout
Gabriela Chabalgoity | Ed. 100 Jun 2019
O que é a síndrome de Burnout?
A síndrome de burnout é um distúrbio físico, emocional e mental de exaustão extrema em que o indivíduo acumula estresse resultante de situações de trabalho que são desgastantes e que demandam alta competitividade ou responsabilidade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) não reconhece o ‘burnout’ como doença, mas como uma síndrome resultante de estresse crônico no trabalho. Com tradução do inglês, “burn” quer dizer queima e “out” exterior, a síndrome é mais comum em profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada.
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Quais são os principais sintomas?
Ausências no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, pessimismo, baixa autoestima. Além disso, sintomas também são manifestados fisicamente: dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma e distúrbios gastrintestinais.
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Como é feito o diagnóstico de burnout?
O diagnóstico é clínico, conforme os sinais e sintomas apresentados pelo paciente. Muitas vezes, ele próprio não se percebe em uma síndrome de esgotamento, e é necessário adicionar relato de familiares e outras referências para se concluir o diagnóstico.
Muitos não buscam ajuda médica por não saberem ou não conseguirem identificar os sintomas e por negligenciarem a situação e acharem que é um estresse comum.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, gratuitamente, todo o tratamento (incluindo diagnóstico e as medicações) por meio da Rede de Atenção Psicossocial.
Como é realizado o tratamento?
O tratamento da síndrome se dá pela utilização de antidepressivos ou ansiolíticos e psicoterapia, atividade física regular e exercícios de relaxamento.
Quando a pessoa não segue o tratamento adequado, os sintomas se agravam e neles se incluem perda total da motivação e distúrbios gastrointestinais. Em casos mais graves, a síndrome pode resultar em uma depressão, que pode ser indicativo de internação para avaliação detalhada.
Uma das possibilidades para o tratamento, segundo o psiquiatra Daniel Barros, em entrevista a BandNews Fm, é a mudança de ambiente: ao trocar os horários, as motivações, os locais, as relações interpessoais é possível perceber uma intensa mudança na forma de encarar o trabalho.
Como prevenir?
Primeiramente, buscar equilíbrio e qualidade de vida como praticar exercícios físicos; definir pequenos objetivos na vida profissional e pessoal; garantir uma boa rede de apoio familiar e social; viabilizar tempo para se dedicar a algum hobby ou lazer; realizar atividades que fujam à rotina diária e evitar contato com pessoas negativas.
Além disso, existem algumas recomendações principais para pacientes com burnout, por exemplo:
Conscientize-se de que o consumo de álcool e de outras drogas para afastar as crises de ansiedade e depressão não é um bom remédio para resolver o problema;
Avalie o quanto as condições de trabalho interferem em sua qualidade de vida e prejudicam sua saúde física e mental;
Procure ajuda profissional.
Qual a diferença entre burnout, estresse e depressão?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica esses problemas de forma distinta: o burnout não é uma condição médica, mas, sim, uma síndrome ligada a condições do trabalho. A depressão é uma doença psiquiátrica crônica, e o estresse é uma reação do corpo às condições da rotina.
A depressão pode afetar pessoas de todas as idades, independentemente de condições de trabalho e é considerada uma condição muito grave, especialmente quando é diagnosticada como moderada ou severa. Nos piores casos, a depressão pode levar ao suicídio, que é a segunda maior causa de morte em jovens de 15 e 29 anos.
O estresse também pode atingir indivíduos de todas as faixas etárias, mas, ao contrário da depressão, é necessário haver situações de grande esforço emocional para ser causado. Quando o corpo é estimulado, a mensagem chega à parte do cérebro chamada hipotálamo, que logo envia para uma glândula que fica abaixo, onde são produzidos hormônios que se espalham pela corrente sanguínea até chegar a outras glândulas que ficam acima dos rins. Essas glândulas produzem os hormônios adrenalina e cortisol.
A OMS incluiu a síndrome de burnout na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11), que entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2022.
Essa classificação tem o intuito de criar uma linguagem única, facilitando a troca de informações entre os profissionais da área de saúde. O burnout foi incluído no capítulo “problemas associados” ao emprego ou desemprego, com o código QD85.
Estresse: pode ser algo bom?
A Associação Internacional do Controle do Estresse afirma que os brasileiros ocupam o segundo lugar do ranking das pessoas mais estressadas no mundo em virtude de problemas profissionais, atrás apenas dos japoneses. O Instituto de Psicologia e Controle do Stress divulgou uma pesquisa realizada com mais de duas mil pessoas em que apenas 12% consideram que seu próprio estresse seja saudável e outras 33% acreditam que seu estresse excede o necessário.
Porém, em estudos recentes, foi possível descobrir que o estresse pode ser algo bom em nossas vidas e que podemos tirar proveito dele.
Antes, o estresse era a reação a um desequilíbrio causado por fatores externos, mas quando a vida começou a se tornar mais complexa o estresse passou a ser considerado uma resposta hormonal a algumas ameaças.
Os animais apenas ficam estressados quando sentem outros por perto, em situações de risco. Já o ser humano é capaz de criar e imaginar situações de risco, e antes mesmo de acontecer estressar-se com sua própria imaginação.
O neuroendocrinologista Bruce McEwen, no livro The End of Stress as We Know It, afirma que “distorcer o estresse a ponto de fazer mal é algo unicamente humano, no qual emoções e pensamentos exercem uma influência poderosa para o bem ou para o mal”.
Benefícios do estresse
No início, o estresse funciona como estimulante: torna-nos mais resistentes, concentrados e mais inteligentes. Ao ser exposto a uma situação de risco, o hipotálamo envia sinais para as glândulas que produzem a adrenalina, aumentando os batimentos cardíacos e levando mais energia ao cérebro, ajudando-o a estar focado e em alerta.
Outro hormônio liberado durante os momentos estressantes é a ocitocina, hormônio do amor, que estreita os laços entre os seres humanos. A ocitocina melhora a capacidade do seu cérebro de entender os sentimentos alheios, além de proteger o coração e regenerar as células, consertando “machucados”.
Por fim, o corpo humano produz uma substância, o desidroepiandrosterona (DHEA), que aumenta a plasticidade do cérebro, auxiliando no aprendizado e na memorização sobre uma situação estressante. É de extrema importância memorizar sensações nos momentos de tensão para, no futuro, repetir atitudes positivas.
Segundo a psicóloga Adriana Mayon Neiva Flores, que tem um consultório em Brasília/DF, o estresse funcional é aquele que promove autocuidado quando a pessoa percebe que os sinais físicos e emocionais são um alerta para mudar alguma coisa em seu estilo de vida. Uma pessoa assertiva, quando observa condições adversas no cenário de trabalho, busca soluções saudáveis (busca se cobrar menos, valorizar o trabalho em equipe, divide tarefas, reduz ou se afasta de ambientes muito competitivos etc). Para ela, é muito difícil imaginar um ambiente de trabalho totalmente livre de estresse. Portanto, devemos desenvolver habilidades sociais para administrar esse aspecto.
Ademais, para Adriana, buscar equilíbrio e qualidade de vida são meios essenciais de se prevenir o burnout, fazer exercícios físicos, garantir uma boa rede de apoio familiar e social e dispor de tempo para se dedicar a algum hobby são outras dicas importantes.
Adriana Mayon- Psicóloga
SEM ESTRESSE
A publicitária e servidora da Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) Júlia Garcia acredita que é muito importante estabelecer uma rotina e aprender a delegar e priorizar projetos dentro da sua esteira de trabalho.
“Eu sempre gostei de terminar tudo que estou fazendo antes de começar outra coisa, mas nem sempre é possível, e está tudo bem; outras coisas podem aparecer, sem planejamento, que demandam mais a sua atenção imediata, e é o que torna o dia a dia interessante, e não estressante. Entretanto, é importante estabelecer um fluxo para que essas coisas espontâneas não aconteçam com frequência. Ou seja, apesar de ser bom estar disponível para as pessoas, ser alguém que entrega resultados e que sabe lidar com emergências, devemos criar uma forma-padrão de demandar nossos serviços (com quantos dias de antecedência, estipular deadlines, pedir briefings completos, criar processo digital com todos cientes, entre outras coisas)”.