top of page

Internet

meningite.jpg

Ameaça transmissível

Meningite é uma doença com alto índice de letalidade, comum no inverno e que pode ser transmitida por gotículas respiratórias e de saliva

Larissa Santos/TS | Ed. 90 Jul 2018

O inverno chegou, e passar por ele sem pegar alguma doença respiratória é um grande desafio. Esse período é propício para manifestação de gripes e resfriados, rinite alérgica, sinusite, pneumonia, otite e asma.

Além dessas enfermidades, há também o risco de contágio da meningite, que é uma inflamação nas meninges, ou seja, nas membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal.

A doença pode ser transmitida de pessoa para pessoa pelas vias respiratórias, com gotículas eliminadas pelo nariz e pela garganta, e também pelas fezes a partir da liberação de agentes infecciosos, tais como o enterovírus.

A forma mais comum da enfermidade é causada por uma infecção que pode ser provocada por vírus, bactérias ou fungos, mas a meningite também pode ocorrer por causas não infecciosas, tais como doenças reumáticas, inflamações e problemas vasculares.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ocorram aproximadamente 1,2 milhão de casos de meningite anualmente no mundo, e o número de mortes ultrapasse os 130 mil. No Brasil, a meningite apresenta duas principais variações: a viral e a bacteriana (veja quadro abaixo).

 

Sintomas – Segundo o neurologista André Felício, em entrevista ao Catraca Livre, os sintomas da doença podem ser facilmente confundidos com os de uma gripe, e por isso é preciso atenção. “Eles (os sintomas) geralmente aparecem de algumas horas até dois dias após a infecção”, explica.

Em casos de febre média ou alta, dor de cabeça, vômitos, náuseas, rigidez na nuca e/ou manchas vermelhas na pele, é necessário procurar o serviço de saúde o mais rápido possível.

Outros sintomas como confusão mental e dificuldade de concentração, convulsões, sonolência, sensibilidade à luz e falta de apetite também merecem estado de alerta.

No caso dos recém-nascidos, esses sintomas podem não ser tão evidentes, e a doença pode se manifestar por meio de sinais como: moleira tensa ou elevada, irritabilidade, rigidez corporal com ou sem convulsões e inquietação com choro agudo e persistente.

Por se tratar de uma doença com alto índice de mortalidade, a avaliação de um profissional de saúde é indispensável. De acordo com o Ministério da Saúde, o diagnóstico e o tratamento precoces são fatores determinantes para um resultado satisfatório. “Quanto mais rápido o atendimento médico, maiores as chances de uma boa recuperação do paciente, reduzindo o risco de óbito ou sequelas”, afirma.

Foi o resultado que Aline Rodrigues Pancieri não teve. De acordo com o jornal Diário da Região, a jovem enfermeira de 28 anos, moradora do município de Mirassol, em São Paulo, morreu após contrair meningite causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae. Segundo familiares, Aline sentiu dores no ouvido, e ao chegar ao Hospital de Base do estado teve convulsões. Após sete dias de internação, a enfermeira não resistiu e veio a óbito, deixando marido e uma filha recém-nascida.

Prevenção e Tratamento – Ainda que uma pessoa não desenvolva meningite, ela pode transmitir a doença caso hospede o agente causador. Por esse motivo, é aconselhável evitar locais mal ventilados e com aglomeração de pessoas.

Outras medidas de prevenção também são recomendadas pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SESDF): lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou usar álcool gel; manter higiene rigorosa com utensílios domésticos; manter os ambientes arejados e evitar transitar com crianças em lugares fechados; não compartilhar objetos de uso pessoal; cobrir a boca ao tossir e respirar e evitar contato direto com gotículas respiratórias e salivais.

Entretanto, é importante ressaltar que essas medidas são apenas complementares, afinal, o método de prevenção mais eficaz é a vacina. Na rede pública de saúde, no calendário de vacinação, estão disponíveis quatro vacinas que previnem a meningite:

  • Vacina Pentavalente: protege contra as infecções invasivas causadas pelo vírus Haemophilus influenzae, entre elas meningite, difteria, tétano, coqueluche e hepatite B;

  • Vacina Pneumocócica 10 Valente Conjugada: protege contra as infecções invasivas causadas por dez sorotipos da bactéria Streptococcus pneumoniae, dentre os quais está a meningite;

  • Vacina Meningocócica C Conjugada: protege contra a doença meningocócica causada pela bactéria Neisseria meningitidis, também conhecida como meningococo;

  • Vacina BCG: protege contra as formas graves da tuberculose (miliar e meníngea).

 

Qualquer pessoa está suscetível a contrair meningite, porém, as crianças com menos de cinco anos, especialmente as menores de um ano, e os idosos com mais 60 anos são grupos mais vulneráveis à doença.

O tratamento para a doença varia de acordo com a causa (vírus, bactérias, fungos etc.), podendo ser feito desde o alívio dos sintomas, no caso das virais, até a introdução de antibióticos, na hipótese das bacterianas e fúngicas.

Não existe tratamento específico para a meningite viral, assim como em várias enfermidades causadas por vírus. Porém, os sintomas podem ser amenizados com a ingestão de medicamentos receitados pelo médico após avaliação.

Na forma mais grave da doença, o antibiótico é introduzido, tão logo quanto possível, durante 14 ou mais dias, de forma venosa e deve ser associado a outros tipos de tratamento de suporte, tais como a reposição de líquidos.

Pessoas que tiveram contato com outras que hospedam a doença podem ser submetidas a uma quimioprofilaxia (administração profilática de medicamentos), a depender de diagnóstico médico, em até 48 horas após o convívio para se prevenirem de casos secundários.

Movimento Antivacinação – Apesar de ser a forma mais eficaz de se acautelar de muitas doenças contagiosas, a vacina não tem apresentado a cobertura desejada no Brasil. Isso porque grupos contrários à vacinação têm ganhado força no cenário nacional e mundial, e cada vez mais pessoas estão optando por não se vacinarem e nem aos seus filhos.

O movimento antivacina, como é chamado, é impulsionado por postagens em redes sociais e aplicativos de troca de mensagens disseminando argumentos que levam as pessoas a desconfiarem da qualidade das vacinas.

As alegações vão desde a sobrecarga do sistema imunológico até o desenvolvimento de autismo por conta da vacinação, mas o Ministério da Saúde brasileiro garante a segurança das vacinas oferecidas no País.

Para João Paulo Toledo, diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, em entrevista ao portal R7, a falta de vacinação “preocupa e causa um alerta para nós, porque são doenças imunopreveníveis que podem voltar a circular se a cobertura vacinal cair, principalmente em um contexto em que temos muitos deslocamentos entre diferentes países”.

É importante ter a consciência de que a opção de não se vacinar não afeta somente o individual, mas também o coletivo, como explica Guido Carlos Levi, infectologista e primeiro secretário da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm): “imagine se 5% da população deixar de tomar a vacina a cada ano. Isso forma um nicho de pessoas suscetíveis a doenças que, caso contaminadas, podem infectar mais gente”.

Tipos de Meningite (Com fundo).jpg
bottom of page