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UM CADASTRO QUE PODE SALVAR VIDAS
Conheça a história da doadora de medula óssea Rosângela da Silva, esposa de um servidor do TRF1, que conta como foi a experiência de poder ajudar a salvar uma vida. Saiba como se cadastrar e ser um doador
Leonardo Costa | Ed. 106 Fev 2020
Uma sensação maravilhosa. É dessa maneira que a estudante de Fisioterapia Rosângela da Silva Santos, 40, descreve o que sentiu ao se dar conta de que poderia salvar uma vida após doar medula óssea a um receptor que ela sequer sabe quem é. O procedimento aconteceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, e foi acompanhado pelo marido dela, o agente de segurança Manoel Almir Menezes dos Santos, que trabalha há 30 anos no TRF 1ª Região, em Brasília/DF.
Ela contou que ficou sabendo da possibilidade de se tornar doadora no local onde estuda. “A vontade surgiu por meio de uma campanha que eu vi na faculdade e me interessei. Eu nem sabia direito o que era. Então, resolvi ler sobre o assunto e decidi me cadastrar”, disse.
Dois anos e seis meses após realizar o cadastro no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) – banco de dados financiado pelo Ministério da Saúde com informações de possíveis doadores para quem precisa de transplante de medula óssea – a estudante foi informada de que possivelmente seria potencial doadora para um receptor que estava internado em um hospital em Belo Horizonte.
“Fui ao Hemocentro, cadastrei-me e fiquei na expectativa de ser chamada, mas nem esperava, pois é muito difícil isso acontecer. Acabou que me ligaram, e fui cumprir essa missão”, relatou.
Diante da possibilidade de ajudar uma pessoa, Rosângela foi encaminhada ao Hemocentro de Brasília para iniciar os exames necessários com o objetivo de verificar a compatibilidade com o paciente. Logo após a confirmação dos resultados, saiu de Valparaíso de Goiás, a 40 km de Brasília, rumo à capital mineira para realizar os últimos procedimentos e iniciar o processo de doação.
“Todos os custos foram arcados pelo Sistema Único de Saúde (SUS): passagem, hospedagem e alimentação. Quanto ao procedimento, foi muito tranquilo, não senti dor nenhuma, recebi anestesia; então, não tem dor”, afirmou ela.
Para a estudante de Fisioterapia, a experiência em poder ajudar outra pessoa mesmo sem conhecê-la foi gratificante. “A única coisa que eu soube depois da doação, na minha alta, foi que o médico falou que estava tudo bem com o receptor, que a contagem de plaquetas estava ótima. Saber que você pode salvar uma vida é uma sensação maravilhosa. Faria tudo novamente”.
O Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) do Instituto Nacional do Câncer (Inca) faz a articulação dos cadastros de todo o mundo. Assim, a busca por doadores para pacientes brasileiros é realizada simultaneamente no Brasil e no exterior, pois os bancos internacionais também acessam os dados dos candidatos a doadores. A coordenação técnica é realizada pelo Centro de Transplantes de Medula Óssea do Inca, que fica no Rio de Janeiro.
DATA É CELEBRADA MUNDIALMENTE
No mês em que a Organização Mundial de Saúde alerta para o câncer, cabe a conscientização sobre a importância da doação de medula óssea, tratamento indicado para doenças relacionadas com a fabricação de células do sangue e com deficiências no sistema imunológico.
Segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a medula óssea é encontrada no interior dos ossos, contém as células-tronco hematopoéticas que produzem os componentes do sangue, incluindo as hemácias ou glóbulos vermelhos, os leucócitos ou glóbulos brancos que são parte do sistema de defesa do nosso organismo, e as plaquetas, responsáveis pela coagulação.
Aproximadamente 80 doenças podem ser tratadas a partir do transplante de medula, entre elas a leucemia, a anemia aplástica, a anemia de Fanconi, as síndromes provocadas pela deficiência medular (síndromes mielodisplásticas), os linfomas, o mieloma múltiplo, as hemoglobinopatias, os tumores de testículos e as neurolastomas.
A doação de medula óssea pode ser realizada por alguém da própria família (a chamada doação aparentada) ou por não aparentada. No primeiro caso, o doador é, em geral, um irmão ou um dos pais. Há cerca de 25% de chances de encontrar um doador compatível na família. Havendo um irmão totalmente compatível (100%), este será a primeira escolha para ser um doador. Caso contrário, inicia-se a busca de alternativas para a realização do transplante.
O registro brasileiro foi o que mais cresceu na última década.
A chance de se identificar um doador compatível no Brasil na fase preliminar da busca é de até 88%, e ao fim do processo 64% dos pacientes têm um doador compatível confirmado. 2017 foi o ano em que ocorreu o maior número de transplantes, 393.
Em 2019, até o mês de julho, já foram contabilizados 245 procedimentos.
COMO É REALIZADA A DOAÇÃO
De acordo com o Inca, a doação de medula é feita por meio de procedimento no centro cirúrgico, sob efeito de anestesia geral ou peridural, de aproximadamente 90 minutos em que são realizadas de 4 a 8 punções com agulhas nos ossos da bacia (cristas ilíacas) para que seja aspirada parte da medula. Retira-se um volume de medula em torno de 15 ml por quilo de peso doador, podendo chegar até 20 ml por quilo.
Depois de se submeter a um tratamento que destrói a própria medula, o paciente recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. Essa nova medula é rica em células chamadas progenitoras que uma vez na corrente sanguínea circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem. Durante o período em que essas células ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade o paciente fica mais exposto a infecções e hemorragias.
O que é necessário para ser um doador de medula óssea:
– Ter entre 18 e 55 anos de idade.
– Estar em bom estado geral de saúde.
– Não ter doença infecciosa ou incapacitante.
– Não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico.
Observação: algumas complicações de saúde não são impeditivas à doação, devendo ser analisado caso a caso.
Fonte: Inca
Como se cadastrar e ser um doador de medula óssea
Para o voluntário se inscrever, o Inca esclarece que o cidadão, em posse de documento de identificação com foto, deve se dirigir ao hemocentro da sua cidade e dizer que quer ser doador de medula óssea. Após preencher uma ficha com informações pessoais e assinar um termo de consentimento livre e esclarecido, será retirada uma amostra de sangue da pessoa para o exame de histocompatibilidade (HLA), que identificará a característica genética desse doador. Para acessar a lista dos doadores basta clicar aqui.
Com informações do Inca.