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SAÚDE na mesa

Nutrição Anti-inflamatória promove qualidade de vida e previne doenças silenciosas causadas por inflamação crônica

Larissa Santos/TS | Ed. 91 Ago 2018

“Nós somos o que comemos”, é o que diz o ditado. Então, como tem sido a sua alimentação? Caso você esteja no grupo das pessoas que não se importam muito com isso, talvez seja a hora de repensar suas atitudes alimentares.

As pesquisas nessa área têm avançado cada vez mais e constatado que a alimentação é decisiva em nossa saúde, principalmente na prevenção de doenças silenciosas, tais como diabetes, Alzheimer, doenças cardiovasculares e até depressão.

Um cardápio repleto de doces, frituras e industrializados, por exemplo, pode fazer com que as células não consigam metabolizar os excessos de açúcares e gorduras, deixando-as sobrecarregadas e prejudicando o metabolismo. Esse processo se reflete tanto na balança quanto na saúde.

Para a coordenadora da Unidade de Determinantes da Saúde, Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Saúde Mental da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS), Katia de Pinho Campos, o panorama nutricional no Brasil necessita de ações imediatas e efetivas, pois o cenário “obesogênico” no País promove o sedentarismo e facilita o acesso a alimentos inadequados à saúde.

O nutrólogo Roberto Navarro explica que o corpo naturalmente produz hormônios denominados citocinas pró-inflamatórias que, quando em excesso, podem causar aumento da glicose, de peso e da pressão arterial.

De acordo com o profissional, doenças como obesidade, diabetes, problemas cardíacos e hipertensão estão relacionadas à produção das citocinas que, por sua vez, estão diretamente ligadas aos alimentos que consumimos. Daí vem a importância de se cuidar da alimentação.

Mas, afinal, o que é inflamação?

Antes de qualquer coisa, vamos falar sobre o conceito de inflamação, porque, ao contrário do que muitos pensam, ela não é uma coisa ruim, desde que não seja em excesso.

Quando o nosso corpo sofre algum tipo de lesão, seja um corte ou uma “invasão” de vírus, bactérias ou fungos, a reação do nosso organismo é lutar contra isso a fim de cicatrizar o ferimento ou de eliminar os agentes.

A esse processo de defesa dá-se o nome de reação inflamatória, que pode ocasionar sintomas como vermelhidão, inchaço ou edema (acúmulo de líquidos no tecido), dor e sensação de calor.

Durante essa reação, o corpo libera as citocinas pró-inflamatórias que iniciam o reconhecimento dos invasores e avaliam a intensidade do problema para começar a ação de recuperar a área afetada.

É por esse fator que esses hormônios são tão necessários para o organismo. O problema está na produção além do necessário, que provoca diversos efeitos negativos e faz com que a inflamação se torne crônica.

A nutricionista Cristiane Perroni define a inflamação como “conjunto de alterações bioquímicas, fisiológicas e imunológicas em resposta a estímulos ‘agressivos’ ao organismo” e, para ela, a má alimentação está entre os principais agentes que causam a inflamação em excesso.

Veja abaixo alguns exemplos de alimentos pró-inflamatórios:

 

 

Existe saída

Em contrapartida, existem os hormônios anti-inflamatórios que, em uma proporção equilibrada, evitam os danos provocados pelos pró-inflamatórios, e sua produção é estimulada por meio da alimentação.

Os chamados alimentos anti-inflamatórios são ricos em substâncias que aumentam a imunidade e liberam hormônios que bloqueiam a ação inflamatória.

De acordo com o gerontólogo, especialista em Nutrição Anti-inflamatória e presidente da Zone Diet Brasil, Leandro Zanutto, a proporção das citocinas deve ser de duas para uma, ou seja, a cada duas inflamatórias deve-se ter uma de recuperação.

A produção desses hormônios é estimulada, principalmente, por alimentos que contêm ômega 3, alicina, antocianina e vitamina C, que auxiliam na cicatrização de ferimentos e na prevenção de doenças. Dentre esses hormônios estão:

 

Não às dietas malucas!

Como vimos, para melhorar a qualidade de vida e prevenir doenças causadas pela inflamação crônica muitas vezes é necessário fazer uma reeducação alimentar.

Leandro Zanutto explica que a alimentação corresponde a cerca de 70% da prevenção dessas doenças, e por isso esse ponto merece tanta atenção. Até mesmo nos casos em que o paciente já tenha a doença, é preciso geri-la por meio da alimentação.

O especialista afirma que, muitas vezes, a gerência das doenças é feita por medicações, sem mudar o estilo de vida. Mas, conforme o tempo passa, as pessoas necessitam aumentar as dosagens e acabam atingindo um limiar tóxico e causando problemas para os rins e o fígado.

“As medicações não tratam a doença, elas a gerenciam de maneira a não permitir que a doença evolua de forma acelerada. O melhor mecanismo não só para a prevenção mas, também, para o combate e controle da doença continua sendo a dieta”, diz Zanutto.

Porém, não adianta começar a dieta e parar no meio do caminho. Ele enfatiza que a palavra dieta vem do grego e significa “estilo de vida” e, portanto, não deve ser uma coisa feita apenas para corrigir um problema ou entrar em um vestido, mas, sim, para a vida inteira.

A dica é procurar um profissional que elabore um programa alimentício dentro da realidade do paciente, sem muita restrição e atendendo às suas necessidades. Afinal, quanto mais fora da realidade uma dieta for mais fácil de desistir no meio do processo será.

O especialista cita quatro princípios para uma dieta para a vida inteira: apetite controlado, saúde, bem-estar e alimentação prazerosa e conveniente. Levando esses princípios em consideração, transformar uma prescrição do nutricionista em um estilo de vida se torna muito mais fácil.

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