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Uma noite em um castelo italiano 

Nesta edição, Euvaldo Pinho nos conta como foi se hospedar com a família em um castelo medieval na cidade de Asti, Itália

Euvaldo Pinho*/CB
Ed. 106 Fev 2020

Alugamos uma van em Milão, Itália, e partimos para mais uma aventura em família:esposa, filho, nora e duas netinhas gêmeas de seis anos, Katerina e Diana, protagonistas da viagem.


Eu assumi a direção do veículo com bastante cautela, tendo como navegador meu filho Euvaldo Jr, e  saímos em direção à cidade de Asti, na região de Piemonte, com menos de 80 mil habitantes, onde nos hospedaríamos no Castelo Medici Del Vascello. Que chique!


Optei por transitar pela via rápida para não chegarmos muito tarde da noite, pois normalmente prefiro trafegar pelas estreitas e serpenteadas estradas italianas, onde sempre descobrimos ótimos produtos típicos, além de ter mais contatos com as pessoas da região.

Esse castelo, assim como outros na Europa, sofreu algumas adaptações para poder hospedar turistas, como nós, com a reforma que possibilitou ao prédio ter um banheiro com um sistema de água quente que, na época, não existia. Também foi instalado um elevador, entre outras modernidades. 


A construção é belíssima, com paredes bem largas, pé direito com mais de três metros de altura e afrescos genuínos.  Na remodelação, os atuais proprietários deixaram à mostra vários vestígios nos tetos e paredes da arte medieval para atestar a autenticidade do prédio, incluindo o brasão que é muito bonito!
Fiquei de retornar para conhecer a torre, que permanecia trancada a sete chaves – algum segredo havia -, pois não nos permitiram visitá-la.


Hoje em dia, em frente ao castelo há uma pracinha com poucas vagas para estacionamento. O desafio para mim foi procurar uma demarcada, por tinta para turistas e visitantes, já que as amarelas são para deficientes e ônibus e as brancas para moradores. É assim que funciona nas comunas italianas da região Piemontesa. Imaginemos essa ideia em nosso Brasil, a confusão iria reinar!! Mas por lá impera o respeito, e a policia é deveras rigorosa.


Após nos instalarmos no castelo, saímos à busca de um restaurante que servisse a tradicional massa. Em Asti, a mais famosa é o Tortelloni, com uma variedade de recheios que vão do funghi ao queijo de ovelha... 


Em seguida, fomos fazer um reconhecimento nas imediações, apesar de estar bastante frio, fazia zero grau, e voltamos caminhando pelas ruelas de paralelepípedos e becos, já sem nenhum movimento, para o "nosso pouso", um espaço com mobiliário autenticamente medieval. 


Fiquei gratificado em poder caminhar tarde da noite sem a menor preocupação com a segurança, guiados pelas duas pequenas, quando avistamos uma pista de patinação no gelo em plena praça a céu aberto e ainda em funcionamento – passeio que ficou para curtirmos no dia seguinte apesar da insistência das netas. Tudo era novidade, e convencer as duas crianças a esperarem até o outro dia não foi fácil!


Queijos e vinhos

Ao despertar no dia seguinte, já com a máquina fotográfica em punho, fui clicar tudo por entre cômodos e cantos do castelo. É algo impressionante! Em seguida, saímos à busca de provisões para abastecer nossa hospedaria – ali não existe refeitório, o café da manhã ficou por nossa conta em uma sala charmosa e tipicamente medieval. Na verdade, fizemos um grande piquenique. 


Pequeno detalhe: um senhor, ao nos receber, nos entregou uma cópia da chave do  castelo, o que muito nos facilitou nos retornos ao nosso posto - é muita responsabilidade. Na verdade, não tem nenhum funcionário à disposição dos hóspedes. Pra qualquer eventualidade, é preciso fazer contato, com o responsável, por telefone. Em nosso caso, não houve nada a solicitar, apenas seguimos as orientações recebidas.


Após a patinação no gelo (elas não esqueceram!), fomos à busca dos gêneros de “primeira necessidade”, como o famoso vinho Spumanti d'Asti, muito aromático, meio doce e de baixa graduação alcoólica, cujo sabor lembra damasco, almíscar e suco da uva moscatel, um espumante maravilhoso! Os queijos, presuntos e salames feitos em Asti e demais cidades da região são muito bons, com destaque para os presuntos de Cocconato e os salames feitos com carne de burro (assino em baixo!!). Foi uma pena que eu estava dirigindo, pois a vontade era sorver mais e mais o spumanti.


Quero destacar que, aparentemente, pode parecer que estávamos gastando “fábulas” de dinheiro. Ledo engano! Essa fantasia de nos hospedarmos em um castelo italiano teve um custo de 160 euros por dia para os seis, uma verdadeira bagatela muito bem aproveitada, bem mais em conta do que a maioria dos hotéis  comuns por lá, considerando, ainda, que o castelo fica situado bem no coração de Asti, tudo acessível a poucos passos, super-recomendo...


Em minhas andanças pela cidade,  soube que haveria uma exposição da Fundação Airton Senna para comemorar os 25 anos de morte de nosso famoso piloto no Palácio Mazzeti, com uma exibição mais completa de "memorabilia" (incluindo três carros de Fórmula 1) alternando com apresentações. Infelizmente, na data da amostra já teríamos deixado a cidade. 


Outro grande barato da nossa viagem foi conhecer as minúsculas aldeias piamontesas, a exemplo de Neive, localizadas, em sua maioria, nas colinas em meio a vinhedos espetaculares produtores dos excelentes vinhos italianos. Seguimos Por Aí!!
 

Eiffel ao entardecer.jpg
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