Artes plásticas
e visuais
Três mostras de quadros feitos com diferentes técnicas e a partir de inspirações diversas movimentaram o Espaço Cultural Murat Valadares do TRF1
Guilherme Corrêa e Luma Bessa/TS | Ed. 90 Jul 2018
Durante o mês de julho, o Espaço Cultural Desembargador Federal Murat Valadares, do TRF1, recebeu três exposições de arte que deixaram mais bonitos os dias de quem entra e sai do Edifício-Sede I do Tribunal.
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BRASÍLIA E CERRADO
Durante os dias 25 de junho a 6 de julho, o Espaço recebeu a exposição Brasília & Cerrado, do artista Leonardo Branco. Em 35 quadros, Leonardo teve como um de seus principais objetivos transmitir sua grande paixão pela capital federal e pelo cerrado. Como consequência desse afeto, o artista prometeu ir além. “Tenho um grande projeto: criar um acervo de desenhos bastante originais, algo que seja bem nosso e que ajude a vislumbrar o espírito da cidade. Penso em exibi-los em exposições sucessivas de agora em diante. Cada exposição com suas novidades”.
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Formado em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília (UnB), o artista já desenhava desde a infância, sempre com muita paixão e, sem precisar de aulas, desenvolveu suas habilidades por iniciativa própria a partir de livros que comprava de fora e de ilustrações de revistas variadas. “Trabalhei muito tempo com ilustração e animação, mas sentia que isso era insuficiente. Entrei para o curso de Artes Plásticas na Universidade de Brasília, e tudo mudou com a ajuda de alguns excelentes professores”, disse ele.
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Mesmo não havendo nenhum outro artista no ciclo familiar, Leonardo começou a desenhar copiando alguns personagens que seu irmão desenhava com frequência. Hoje em dia, suas obras são feitas a lápis, e o acabamento podendo ser com aquarela, nanquim, pastel, carvão etc. Nas palavras dele, “procurando sempre ter em mente tanto os ricos recursos quanto as limitações de cada um desses meios”. Como parte do processo de criação, ele prepara e experimenta cada elemento que fará parte da composição. Utiliza, então, a mesa de luz ou papel transparente para sobrepor as camadas e preparar a finalização e procura, sempre que possível, usar uma grade geométrica para fundamentar a composição, e nisso o computador ajuda bastante.
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Sempre procurando se inspirar em artistas com desenhos elaborados, o expositor tem como algumas referências o artista francês Gustave Doré, do século XIX. De artistas contemporâneos, ele se baseia em grandes artistas que trabalharam na Disney, como David Hall, Gustaf Temggren, Armand Serrano e outros.
“Arte não possui definição, mas possui algumas características. Para mim, a mais importante é oferecer maneiras novas de se olhar o trivial. Por isso, falei sobre a experimentação incessante que nos leva a descobertas muito interessantes. Há opiniões de peso sobre esse fato, como a de Émile Zola, afirmando que 'uma obra de arte é um ângulo da criação vista através de um temperamento'. É uma frase bem adequada, mas é necessário acrescentar que esse ‘temperamento’ tem anos de treinamento intenso”, finalizou o artista.
Contato do artista:
Tel.: (61) 9 9576-9130
E-mail: caixa.leo@gmail.com
A ARTE EM DOIS ESTILOS
No período de 9 a 20 de julho, o Espaço recebeu a exposição A arte em dois estilos, dos artistas Antônio Mello e Antônio Carlos Vieira. Embora velhos conhecidos, essa foi a primeira vez que ambos tiveram a oportunidade de juntos exporem suas obras. “Foi a primeira vez que fizemos uma exposição juntos, foi muito bom e muito positivo. Em nível de divulgação, isso é muito bom pro artista”, esclareceu Antônio Mello.
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Professor de artes plásticas em escolas de Brasília, Antônio Carlos Vieira ou AC Vieira, seu nome artístico, descobriu quando criança seu interesse pelas artes por meio de desenhos. Aos 10 anos de idade, ao conviver com uma artista plástica em sua família, AC Vieira fez crescer o interesse e a motivação pela arte servindo de modelo nas ilustrações de livros que desenhava. Ao longo de sua vida, chegou a trabalhar com xilogravura, técnica que aprendeu dos 15 aos 19 anos no Centro Integrado de Ensino Médio (CIEM), pela Universidade de Brasília (UnB). Na pintura, iniciou sua trajetória em 2003 de forma autodidata.
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Foi por intermédio da pintura que Antônio retratou, na exposição, o ser humano com foco na sua relação econômico-social e a natureza, evidenciando as questões ecológicas. “Talvez essa preocupação com o social e o ecológico se deve a minha formação. Com formação religiosa, estive sempre preocupado com a questão dos menos favorecidos. Acredito que ressalto a natureza pelo contato contínuo com essa natureza, na minha adolescência, quando vivenciava o dia a dia de uma propriedade rural da minha família no norte de Goiás”.
Para produzir seus quadros, o artista utilizou a empastação, técnica em que se impõe um volume maior de tinta, quase que uma textura, sem utilizar-se de outro recurso que não a própria tinta. Além da pintura, o expositor trabalha com xilogravura (gravação de desenho em madeira plana) e ao mexer com escultura utiliza a modelagem.
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“Quando me proponho a produzir algum trabalho, mergulho nele, e a cada estágio da sua feitura, novas alternativas criativas se apresentam em soluções subsequentes. Não me aquieto enquanto não vejo o trabalho concluído. Esse é o meu compromisso com a arte”, revelou.
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Já Antônio Mello, definiu sua produção com a expressão de que “obras de arte são feitas de sentimentos, sentimentos que eu transporto para o mundo através das minhas telas, tais como carinho, amor, compreensão, fraternidade, respeito e sensibilidade”.
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Nascido em 1967, na cidade de Recife/PE, Antônio Mello, que além de artista plástico é também restaurador de peças de obras internacionais, expôs em seus quadros o tema Máscaras. Segundo ele, o tema retrata, na maioria das vezes, sentimentos contidos como vergonha e timidez ou até mesmo uma maneira de se proteger de si mesmo, pois, “cada pessoa, por natureza, tem uma enorme sensibilidade e, por trás do que aparenta, tem algo que só ele, e mesmo ele, por vezes, tem dificuldade em identificar e demonstrar. Por isso as máscaras”, explicou.
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Incentivado pelos pais, Antônio revelou que desde os 13 anos de idade já desenhava bastante surrealismo, figuras e animais, entre outros desenhos. Seu avô, Gilberto Freire, foi sua maior inspiração, embora tenha revelado que nunca o conhecera pessoalmente. Apesar disso, sua admiração por seu avô o motivou a fazer aquilo que já estava predestinado para sua carreira artística, que era pintar.
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Utilizando-se da técnica de tinta acrílica sobre lona náutica, o artista tem como uma de suas premissas preparar as telas de maneira que o tempo não as consuma em poucos anos e, assim, durar por décadas sem precisar de qualquer restauração. “Essa é a minha maior preocupação como restaurador de obras de arte”, completou.
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Além de apresentar suas obras pelo Brasil, Antônio também expôs seus trabalhos pela Europa, onde teve a oportunidade de exibir o tema Máscaras na Itália e em Portugal. É ao examinar com atenção todos os detalhes que o expositor tenta levar a quem observa suas obras um pouco da sua essência, do eu interior, da sensibilidade e do amor que rodeia seu cotidiano.
Contatos dos artistas:
Antônio Carlos Vieira
Tel.: (61) 98148-5122
E-mail: acvieira.artes40@gmail.com
Antônio Mello
Tel.: (61) 99340-9810
E-mail: arabe1967@outlook.com
LUGARES​
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Entre os dias 23 de julho e 3 de agosto, o Espaço Cultural Murat Valadares recebeu a exposição “Lugares”, uma coleção de obras inspiradas na beleza da natureza e em espaços diversos, assinadas pela artista plástica Liselena Dalla Corte. Os quadros buscam representar lugares onde a artista esteve e as sensações que ela vivenciou naquelas localidades.
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A temática da exposição com florestas, lagos, matas do cenário campestre, cidades com favelas, morros e grandes metrópoles representam a percepção e a sensibilidade da artista. A natureza em suas intempéries é um cenário singular para ela, e nessas manifestações Liselena encontra inspiração e se expressa em pinceladas, imprimindo cores com infinita multiplicidade de tons.
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Apaixonada por arte durante toda a vida, Liselena esteve envolvida com artes cênicas até começar a pintar, aos 20 anos. Iniciou um curso de pintura, e em pouco tempo estava criando telas. Fez graduação de Desenho e Plástica e pós-graduação em Design de Superfície na Universidade Federal de Santa Maria, onde encontrou a arte da estamparia, técnica que desenvolve há mais de 20 anos.
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Liselena é diretora criativa e proprietária da Estampando Design, empresa que atua nos segmentos de arte, decoração e moda. Desenvolve pinturas em tela e gravuras em serigrafia e metal e também é designer de interiores, proporcionando a seus clientes projetos criativos e sustentáveis.
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A artista também ministra cursos de estamparia artesanal em seu ateliê, no Sudoeste (CLSW 301, Bloco A, Sala 108). O curso pode ser em módulos, em que cada um deles aborda técnicas diversas de estamparia, ou em aulas avulsas, sempre utilizando métodos artesanais. No ateliê, é possível desenvolver, além de estamparia em metros, gravura em serigrafia, pintura em aquarela ou tela.
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Sobre todos esses talentos, a artista declara: “Concilio pela imensa alegria em que trabalho com tudo que é estético. O design de interiores é envolvente, tornar pessoas mais felizes no espaço em que vivem é fascinante. A moda é paixão de menina, pois sempre fui estilista de tudo que visto, mas é a arte meu maior prazer. Minha vida, eu diria”.
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Liselena já expôs suas obras em diversos lugares, como no Senado Federal e até mesmo em Nova York/EUA. Suas obras estão à venda pelo site www.estampando.com, instagram @estampandodesign ou pelo WhatsApp (61) 99155-2267.