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Pirâmide_da_mobilidade_-_Crédito_ITDP.jp

Mobilidade Urbana e acessibilidade 

TRF1 investe em práticas sustentáveis de acessibilidade e de conscientização para contribuir com o aperfeiçoamento da mobilidade urbana e o aumento da qualidade de vida do corpo funcional e de jurisdicionados

Larissa Santos | Ed. 104 Nov 2019
com informações da SJMA e da SJDF

A Constituição Federal de 1988 garante aos cidadãos brasileiros, no art. 5º inciso XV, o direito de ir e vir, assegurando a qualquer pessoa se locomover no território nacional em tempo de paz.

Porém, com o crescimento populacional e, consequentemente, das grandes cidades, a locomoção com qualidade tem se tornado um desafio. Cada vez mais, as pessoas levam mais tempo para se deslocar de um lugar a outro.

Em 2013, segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional, 75 milhões de veículos estavam em circulação no Brasil e a estimativa para cada ano é de mais 3,5 milhões de veículos novos nas ruas.

De acordo com estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados da Pesquisa Nacional por Domicílio (Pnad), o tempo médio de deslocamento casa-trabalho nas regiões metropolitanas em 1992 era de 36,4 minutos. Em 2013, essa média subiu para 41,7 minutos.

Nesse período, apenas as regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro tinham tempo de deslocamento maior que a média nacional, com 38,2 e 43,6 minutos em 1992 e 45,6 e 49 minutos em 2013, respectivamente. Porém, Belém foi a região que apresentou maior aumento entre 1992 e 2013, de 24,3 minutos para 32,8 (deslocamentos quase 50% mais demorados em 21 anos).

Segundo o Ipea, o aumento ocorreu devido ao crescimento da quantidade de veículos no país, à piora do trânsito, à degradação do transporte público e à falta de obras de mobilidade urbana.

O estudo aponta que aproximadamente 19% dos trabalhadores em regiões metropolitanas gastavam mais de uma hora por dia no deslocamento de ida de casa ao trabalho em 2013, sendo que a região com menor tempo médio de deslocamento era Porto Alegre, com 30,7 minutos.

Mais especificamente em relação ao transporte público, o trajeto é ainda mais demorado. A ferramenta de mobilidade urbana Moovit criou uma plataforma que reúne informações referentes ao tempo gasto em transporte público diariamente por pessoas em cidades de 24 países com base em dados de uso do aplicativo.

No Brasil, de acordo com a plataforma, a cidade listada que apresenta maior tempo de deslocamento é Goiânia/GO, com 98 minutos em média. Brasília/DF e Recife/PE ocupam a segunda posição no ranking, com 96 minutos. A cidade que demanda menos tempo médio no trânsito é Caxias do Sul/RS, com 60 minutos.

Tempo de deslocamento em regiões metropolitanas brasileiras entre 1992 e 2013.

Consequências

Com base nesses dados, em um cálculo rápido, um morador de Goiânia que utiliza o transporte público para locomoção passa, em média, 25 dias por ano no trânsito, enquanto um de Caxias do Sul passa 15.

Esse tempo poderia ser aproveitado para diversas atividades que tragam prazer e qualidade de vida, como exercícios físicos e mais tempo com a família, por exemplo.

Mas o problema não está só em perder todo esse tempo para se deslocar. Estudos indicam que longos deslocamentos diários nos deixam infelizes e percorrer grandes trajetos diariamente pode reduzir a nossa expectativa de vida.

Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas Britânico (Office for National Statistics – ONS), o bem-estar pessoal diminui conforme o tempo de deslocamento aumenta: “as pessoas que levam mais tempo no trajeto de ida e volta do trabalho estão menos satisfeitas com a vida, sentem que suas atividades diárias não valem à pena e apresentam baixos níveis de felicidade e altos níveis de ansiedade em comparação às outras pessoas”.

Para o ONS, o tempo de deslocamento afeta diretamente o bem-estar em razão do vínculo com o estresse, que é causado principalmente pela falta de controle durante o

deslocamento, com imprevistos como engarrafamentos, atrasos e mudança de clima.

Uma pesquisa realizada pelo site Comparably revela que, entre 29 mil pessoas, 16% consideram que o maior causador de estresse é o deslocamento entre casa e trabalho.

A psicóloga Cassemira Kopycki, que é perita em trânsito, explica que o cortisol é o hormônio do estresse e tem suas variações durante o dia. “Este hormônio tem um papel preponderante na regulação do metabolismo, da pressão arterial, da função cardiovascular e da atividade imunológica, mas, quando produzido em níveis excessivos em consequência do estresse crônico, sobrecarrega o sistema cardiovascular, o cérebro, o metabolismo e as demais funções corporais”, afirma a especialista.

Desta forma, o estresse do deslocamento somado ao das situações no local de trabalho pode ocasionar crises de estresse crônico, provocando sérias consequências ao corpo humano.

A médica do trabalho Claudia Prado ressalta que o estresse tem três fases: alarme, resistência e exaustão. Durante as duas primeiras, o paciente pode apresentar sintomas como: aumento das frequências cardíaca e respiratória, e da pressão arterial; contração do baço; liberação de glicose pelo fígado; redistribuição sanguínea; dilatação das pupilas; tremor muscular; fadiga física; desânimo; irritabilidade; dificuldade de concentração e instabilidade emocional.

Já a fase de exaustão é considerada “a condição mais crítica relacionada ao estresse, afinal, após exposições repetidas ao mesmo estressor, o organismo pode desenvolver doenças graves ou, até mesmo, entrar em colapso”, afirma a médica.

 

Mobilidade Urbana

Um estudo realizado pelos pesquisadores Lothlorien S. Redmond e Patricia L. Mokhtarian, publicado na Revista Transportation em 2001, com mais de mil pessoas mostra que, para a maioria delas, o tempo ideal de deslocamento seria de 16 minutos em cada trajeto. Desta forma, haveria uma separação entre casa e trabalho e, ao mesmo tempo, reduziria o estresse causado pelo trânsito.

Para alcançar esse ideal, é necessária a adoção de uma série de medidas que envolvam não só o transporte público, mas a mobilidade urbana como um todo.

O dicionário define mobilidade como “possibilidade de ir para outro lugar rapidamente”. Portanto, mobilidade urbana nada mais é do que a condição que permite o deslocamento das pessoas entre pontos de uma cidade para desenvolver relações sociais e econômicas.

Uma cidade com a mobilidade arquitetada e efetiva amplia, consequentemente, a capacidade de proporcionar deslocamentos eficazes aos cidadãos para que possam exercer seus direitos básicos como educação, trabalho e lazer.

Para aprimorar a qualidade do sistema de mobilidade, o governo brasileiro instituiu a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), disposta na Lei nº 12.587/12, que tem o objetivo de contribuir para o acesso universal à cidade e o fomento e a concretização das condições que contribuam para a efetivação dos princípios, objetivos e diretrizes da política de desenvolvimento urbano.

A PNMU é regida pelos princípios de acessibilidade universal; desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões socioeconômicas e ambientais; equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo; eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano; gestão democrática e controle social do planejamento e avaliação da PNMU; segurança nos deslocamentos das pessoas; justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes modos e serviços; equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros e eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana.

Ela estabelece, ainda, atribuições à União, estados, Distrito Federal e municípios. Os locais em que residam mais de 20 mil habitantes precisam, inclusive, elaborar planos de mobilidade urbana e colocá-los em prática.

A Lei também determina que cidades e municípios adotem instrumentos de controle de demanda e aumentem a oferta de serviços e infraestruturas com qualidade, segurança, acessibilidade e modicidade tarifária, podendo implementar:

  • Acesso restrito a veículos motorizados em determinados locais e horários visando uma maior utilização do espaço público por pedestres e ciclistas;

  • Adoção de padrões para controle de poluentes, em locais e horários determinados, com a possibilidade de condicionamento da circulação;

  • Aplicação de tributos sobre modos e serviços, ou seja, cobrança aos usuários de automóveis pela infraestrutura utilizada;

  • Definição de faixas exclusivas para o transporte coletivo e para os modos não motorizados, como forma de distribuir de forma mais justa o uso do espaço físico das vias e privilegiar pedestres e ciclistas;

  • Controle de áreas de estacionamento de uso público e privado;

  • Convênios para combater o transporte ilegal de passageiros e convênios para transporte coletivo urbano em regiões de fronteira entre cidades gêmeas.

Todas essas medidas têm um único objetivo: garantir acessibilidade, segurança, eficiência, qualidade de vida, e dinamismo econômico, além de inclusão social e preservação do meio ambiente, levando em consideração a pirâmide da mobilidade urbana, que dá prioridade a pedestres, ciclistas e transporte coletivo.

Pirâmide da mobilidade urbana prioriza pedestres e ciclistas.

Mais informações sobre a Política Nacional de Mobilidade Urbana estão disponíveis na cartilha elaborada pelo então Ministério das Cidades.

Desafios

Especialistas afirmam que os problemas de mobilidade no Brasil são gerados por diversos fatores, tais como a má qualidade do transporte público, a herança rodoviarista e a falta de planejamento urbano e arquitetônico.

Além disso, o aumento da quantidade de veículos de transporte individual contribui para a “deterioração das condições de mobilidade da população dos grandes centros urbanos, principalmente em função do crescimento dos acidentes de trânsito com vítimas, dos congestionamentos urbanos e também dos poluentes veiculares”, segundo o Ipea.

O Instituto aponta, ainda, o crescimento populacional como um fator considerável no que diz respeito à mobilidade, já que, com a ocupação de regiões periféricas, as distâncias percorridas diariamente se tornam maiores, reduzindo a rotatividade do transporte público e aumentando o custo unitário.

A questão da sustentabilidade também deve ser pensada. A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Agenda 2030, estabeleceu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para serem alcançados em 10 anos e entre eles está a meta de tornar as cidades mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis.

Esse objetivo engloba o acesso a sistemas de transporte seguros, acessíveis, sustentáveis e a preço justo, melhorando a segurança rodoviária por meio da expansão dos transportes públicos; o aumento da urbanização inclusiva e sustentável e das capacidades para o planejamento e gestão de assentamentos humanos participativos, integrados e sustentáveis e o acesso universal a espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis e verdes.

Por um mundo melhor

Na intenção de contribuir para o enfrentamento desses desafios, cooperando com deslocamentos mais fáceis, eficientes e seguros e, consequentemente, com a qualidade de vida de magistrados e colaboradores, o Poder Judiciário tem adotado medidas nesse sentido.

Em maio de 2019, o Judiciário brasileiro foi o primeiro no mundo a incorporar mais de 7 mil indicadores aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, sendo mais de 3 mil relacionados a atividades jurisdicionais e mais de 3 mil a ações não jurisdicionais.

Com isso, os Tribunais brasileiros assumiram o compromisso de, entre outras ações, proporcionar unidades judiciárias com acessibilidade para pessoas com deficiência, o que inclui a capacitação de profissionais para o atendimento dessas pessoas e reduzir o tempo médio de tramitação das ações judiciais que envolvam obras públicas, para a construção de cidades mais inclusivas e seguras.

Transporte ativo – Mas não é de hoje que o Tribunal Regional Federal da 1ª Região tem apostado em iniciativas que contribuem para o aperfeiçoamento da mobilidade urbana.

Desde 2014, o órgão incentiva o corpo funcional a utilizar a bicicleta como meio de transporte para o trabalho com o projeto “Vem de Bike que é Legal”. Segundo a supervisora da Seção de Promoção da Qualidade de Vida (Sevid), Aline Campos, “a ação visa beneficiar a saúde e o bem-estar do servidor e do meio ambiente, além de contribuir com a mobilidade urbana”.

Projeto “Vem de Bike que é Legal” incentiva o uso da bicicleta como meio de transporte para o trabalho.

Magistrados, servidores, prestadores de serviço e estagiários passaram a contar com uma estrutura adequada a ciclistas que envolve a instalação de paraciclos (bicicletários) e vestiários equipados com chuveiro.

Após a implementação da iniciativa, verificou-se aumento no número de colaboradores que utilizam a bicicleta como meio de transporte ao trabalho. Atualmente, são 40 pessoas no TRF1 que optam pelo transporte ativo e sustentável.

Campanha de conscientização sobre o impacto causado pela quantidade de carros que circulam nas ruas.

Mobilidade ao Redor

Em 2017, o TRF 1ª Região iniciou sua participação no projeto “Mobilidade ao Redor”, implementado pelo então Ministério das Cidades (MCidades) e coordenado pela Secretaria Nacional de Mobilidade e Serviços Urbanos (Semob).

A iniciativa tem o objetivo de incentivar melhorias no espaço da circulação em ruas de todo o Brasil, priorizando o transporte ativo e o público coletivo, além de debater e propor melhorias urbanísticas e de mobilidade.

Uma pesquisa de mobilidade feita pelo Ministério revela que 57% dos trabalhadores de órgãos adjacentes ao MCidades, em Brasília/DF, utilizavam o transporte individual motorizado em 2017. Em 2018, esse percentual subiu para 67.

Em 2017, 38% utilizavam o transporte público e 5% o transporte ativo como a bicicleta, por exemplo. Já em 2018, 26% eram adeptos ao transporte público e 7% ao ativo.

Tipos de deslocamento utilizados por trabalhadores do Setor de Autarquias Sul, em Brasília/DF.

Com o transporte ativo, 72% dos usuários levavam até 30 minutos para se deslocar em 2017; 17% de 30 minutos a 1 hora e 11% mais de 1 hora. Em 2018, 58% levavam até 30 minutos; 33% entre 30 minutos e 1 hora e 8% mais de 1 hora.

A maioria dos usuários de transporte público levava, em 2017, entre 30 minutos e 1 hora para se deslocar (56%); 36% levavam mais de 1 hora e 7% até 30 minutos. Em 2018, esses percentuais totalizaram 58%, 28% e 14%, respectivamente.

Já no transporte individual motorizado, em 2017, 60% dos usuários levava até 30 minutos, 30% até 1 hora e 9% mais de 1 hora. Em 2018, 64% levavam até 30 minutos, 32% até 1 hora e 5% mais de 5%.

Tempo de deslocamento casa-trabalho de trabalhadores do Setor de Autarquias Sul, em Brasília/DF.

Considerando esses dados, como parte do projeto, o MCidades realizou, em 2017 e 2018, a Semana da Mobilidade no Setor de Autarquias Sul, em Brasília/DF, com o apoio de diversos órgãos da Administração Pública, entre eles o TRF1.

Durante o evento, foram feitas intervenções urbanas na intenção de melhorar a experiência de pedestres e provocar reflexão sobre o espaço ocupado pelos carros.

O espaço de dois retornos foi transformado em área de convivência, com a instalação de tendas, mesas de reunião, sofás de pallet e mesa de ping-pong e pintura artística no piso. No estacionamento foi criada uma praça de alimentação, com a colocação de quatro foodtrucks, mesas e cadeiras.

Atividades como aulas de ginástica, safári urbano, visita guiada, simuladores de embriaguez e bazar foram oferecidas em um espaço de 450m² que é ocupado por veículos no dia a dia.

Projeto Mobilidade ao Redor otimiza a utilização de áreas públicas e chama atenção para espaço ocupados diariamente por carros.

A iniciativa da Semana da Mobilidade está associada ao conceito de ruas completas, que são desenhadas para dar segurança e conforto a todas as pessoas, de todas as idades, usuários de todos os modos de transporte.

Uma rua se torna completa quando o espaço é distribuído de maneira mais democrática, beneficiando a todos, mas priorizando os deslocamentos realizados por transporte coletivo, a pé e de bicicleta.

A intenção é tornar a rua um lugar de permanência das pessoas e não somente de passagem, envolvendo, inclusive, as pessoas que residem e/ou trabalham naquele local.

Segurança – O TRF 1ª Região também divulgou um levantamento, realizado pelo Núcleo de Apoio ao Sistema de Inteligência (Nuint) em parceria com a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), da incidência criminal nas adjacências da sede, em Brasília/DF.

Para esse levantamento, os dados foram divididos em quatro faixas horárias: da meia-noite às 5h59 (madrugada), das 6h às 11h59 (manhã), das 12h às 17h59 (tarde) e das 18h às 23h59 (noite).

A faixa que mais apresenta ocorrências é a parte da manhã, com 148. O período da tarde também tem alto índice de incidências, totalizando 143. Na madrugada foram contabilizadas 120 e durante a tarde 76.

Esse trabalho auxilia na mobilidade urbana no que diz respeito à segurança, já que demonstra aos colaboradores de órgãos sediados no local, entre os quais o TRF1, os horários em que há a maior incidência de crimes como furtos e roubos na área.

Acessibilidade – Em sessão ordinária do dia 24 de junho de 2019, o Conselho da Justiça Federal (CJF) aprovou normativo que institui o Manual de Acessibilidade da Pessoa com Deficiência nas Edificações da Justiça Federal.

De acordo com a Resolução CJF nº 560, publicada em 3 de julho, o manual é instrumento facilitador para o atendimento das normas vigentes na elaboração de projetos de construção, de instalação e de adaptação de edifícios da Justiça Federal de primeiro e segundo graus.

O manual estabelece padrões de acessibilidade em calçadas, estacionamentos, fachadas, escadas, rampas, elevadores, banheiros, gabinetes e salas de audiência que devem ser adotados nas unidades da Justiça Federal, incluindo atendimento adequado e eficiente a pessoas com deficiência.

Ainda em 2016, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região criou, por meio da Resolução Presi 31, a Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão, com o objetivo de fiscalizar, planejar, elaborar e acompanhar projetos arquitetônicos de acessibilidade e projetos de capacitação de profissionais que atuem diretamente com pessoas com deficiência.

Seguindo as diretrizes da norma ABNT NBR 9050/2015 e as iniciativas debatidas em reuniões da Comissão, em janeiro de 2019, o TRF1 realizou parte da adequação das instalações para pessoas com deficiência.

Foram instaladas placas com texto em braile nas portas de acesso principal e identificações dos pavimentos, das entradas de elevadores e de acesso às escadas e sanitários.

Em março, começaram a ser instalados mapas e pisos táteis nos pavimentos com a identificação em braile da localização das unidades e a indicação do percurso para acesso universal às dependências do Tribunal.

Piso tátil colocado em edifícios do TRF1, possibilitando instalações mais acessíveis a deficientes visuais

De acordo com o supervisor da Seção de Apoio à Gestão Socioambiental e Acessibilidade e Inclusão (Seamb), Carlos Domingues, o projeto de acessibilidade aos edifícios do TRF1 envolvem as ações de:

  • Instalação de poltronas para obesos nas salas de Sessões e do Plenário;

  • Adequação de banheiros, rampas e balcões de todos os prédios do Tribunal;

  • Instalação de elevador na plataforma para acesso ao restaurante do hotel no Centrejufe;

  • Sinalização tátil de piso para os prédios do Tribunal;

  • Instalação de sinalização tátil, em braile, na forma de placas, totens e mapas para todo o Tribunal;

  • Adequação de corrimãos de todas as instalações do Tribunal.

A digitalização de processos, iniciada em abril de 2019, também é uma iniciativa que proporcionará a democratização do acesso a processos, contribuindo com a acessibilidade.

Os processos estão sendo migrados para o sistema Processo Judicial Eletrônico (PJe) e poderão ser acessados em qualquer lugar do mundo pela internet, reduzindo a necessidade de deslocamento de jurisdicionados para os edifícios do TRF1.

Na sede da Seção Judiciária do Maranhão (SJMA) também foram instaladas rampas de acesso ao prédio, plataforma elevatória com mensagem em áudio, elevadores com tecla em braile e plaquetas em braile avisando o início e o fim da escada, além da disponibilização de cadeiras de rodas.

Adaptações instaladas na sede da Seção Judiciária do Maranhão.

Já na Seção Judiciária do Distrito Federal (SJDF), em 2010, foi criada uma Comissão de Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência e o corpo funcional recebeu treinamento para aprimorar o atendimento a pessoas com deficiência.

Em 2019, a unidade adotou três medidas principais para proporcionar acessibilidade: a reestruturação da Comissão; a instalação de banheiros acessíveis nos Edifícios Sede I e II e a participação no Encontro Nacional de Acessibilidade e Inclusão para a troca de boas práticas e adoção de medidas que conciliem o orçamento e a gestão de recursos humanos com a manutenção das obras visando a arquitetura urbanística universal nos edifícios.

A Seção Judiciária pretende ainda realizar, em 2020, a Semana de Acessibilidade e Inclusão; promover treinamento para vigilantes e atendentes da Seccional e instituir um convênio/termo de colaboração para tradutor de Libras a fim de ajudar em perícias judiciais e audiências.

Veículos elétricos

Magistrados do TRF1 se reuniram, em novembro, com o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal, Gilvan Máximo, para conhecer o projeto “Vem DF”, promovido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e pelo Governo do Distrito Federal (GDF).

O projeto, que é pioneiro no mundo, consiste no compartilhamento de veículos elétricos entre servidores públicos, proporcionando economia de recursos que seriam aplicados em combustível e manutenção veicular e contribuindo para a preservação do meio ambiente.

Os automóveis funcionam a partir de um software, desenvolvido pelo Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), e a logística é parecida com a de patinetes compartilhados. Para utilizar, o servidor deve acessar um aplicativo, se cadastrar com dados pessoais e o número da matrícula no órgão e informar o destino. O software reconhece o usuário e libera o carro para locomoção. O veículo tem autonomia para andar 100 quilômetros e a carga é feita por equipe designada pelo GDF.

A frota conta com 16 carros modelo Twizy, da fabricante Renault, que atualmente são utilizados apenas por servidores do GDF, mas a ideia é ampliar para as demais instituições públicas do Distrito Federal, a começar pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com a instalação de eletroposto para recarga e a disponibilização dos automóveis.

Magistrados do TRF1 conhecem o projeto Vem DF de uso compartilhado de veículos elétricos.

“É importante que as pessoas tenham contato com as novas tecnologias e, para isso, nada melhor do que fazer parceria e estender esse benefício à Justiça Federal. O GDF é o primeiro governo do mundo a disponibilizar esse tipo de serviço para servidores públicos e nós pretendemos expandir para a Justiça Federal no DF, de maneira que os magistrados e servidores possam usufruir desses carros elétricos”, afirma o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF.

O presidente do TRF1, desembargador federal Carlos Moreira Alves, declarou o sentimento de orgulho por receber a proposta dessa iniciativa pioneira do Governo de Brasília e demonstrou o interesse do Tribunal em realizar a parceria.

“Teremos que fazer os estudos que uma parceria institucional dessa natureza envolve, mas é algo realmente muito interessante. Não temos ainda prazo definido, mas procuraremos fazer com que o projeto se desenvolva rapidamente, para que possamos implementá-lo com toda segurança institucional. É o futuro batendo à nossa porta”, disse o magistrado.

Atualmente, a implementação do projeto está sob estudo da Administração do TRF1.

Benefícios

Atitudes como essas que envolvem sustentabilidade, segurança, acessibilidade e ruas completas contribuem para um projeto de mobilidade urbana mais eficaz e democrático.

Ganho de tempo, redução de congestionamentos, diminuição de estresse, aumento da produtividade no trabalho, estreitamento dos laços sociais e afetivos, segurança e redução na emissão de poluentes são só algumas das vantagens de adotar medidas de aprimoramento à mobilidade.

O ideal é que, no futuro, os deslocamentos entre pontos das cidades, independentemente do motivo, sejam tranquilos, fáceis e rápidos, mas, para isso, é necessário adotar políticas com esse objetivo.

A Justiça Federal da 1ª Região tem caminhado nesse sentido, com iniciativas que estimulam o transporte ativo e sustentável, que inclua pessoas com deficiência e que aumente a segurança de quem transita pelas ruas brasileiras.

Porém, é primordial que cada um faça a sua parte, adotando medidas que podem parecer simples, mas que fazem a diferença, tais como o sistema de carona solidária, a opção por deslocamento sem motor, a aquisição de veículos menos poluentes como os elétricos e a conscientização das pessoas ao seu redor. Faça parte desse movimento e ajude a transformar o mundo em um lugar melhor!

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