A BALANÇA AMBIENTAL
Rever a maneira como vivemos em respeito à natureza é uma das lições aprendidas a partir da pandemia do novo coronavírus. No TRF da 1ª Região, a premissa de plantar ações sustentáveis para colher equilíbrio ambiental e bem-estar social foi o foco da Semana do Meio Ambiente, evento totalmente on-line que marcou o mês de junho
Renata Fontes | Ed. 110 Junho 2020
Buscar no meio ambiente as respostas para lidar com as necessidades que se apresentaram a partir da pandemia da Covid-19, causada pelo novo coronavírus, pode ser o caminho a ser seguido para a adoção de novos hábitos no enfrentamento do tão alardeado “novo normal”.
Em artigo publicado, no dia 5 de junho, no site da National Geographic, Thomas E. Lovejoy, conservacionista e cientista norte-americano, especialista em biodiversidade com experiência na Amazônia, defende que “para evitar pandemias, é preciso respeitar a natureza”.
Ainda segundo Lovejoy, o surgimento de vírus como ebola, Sars e Mers em populações humanas contavam com agentes transmissores que faziam parte de ciclos naturais que envolviam apenas animais. “Eles se deslocaram para os humanos porque a natureza foi perturbada de alguma forma”, explicou.
Segundo sua lógica, a pandemia do novo coronavírus é resultado do comportamento humano e do desrespeito ao meio ambiente, “enquanto lidamos com a pandemia, as mudanças climáticas continuam avançando e causando intensas alterações em todos os ecossistemas, o que provavelmente pesa em favor de patógenos que ainda desconhecemos”, afirmou.
A despeito de concordar ou não com a tese defendida pelo cientista, o fato é: sem um meio ambiente equilibrado, o mundo padece. E adoece.
Mas como equilibrar a proteção ao meio ambiente com as necessidades e as ações diárias, diminuindo o descarte de resíduos sólidos, o consumo de energia elétrica e o consumo de água, tanto no ambiente de trabalho como em casa? Seria a busca efetiva por esse equilíbrio o grande aprendizado para o pós-pandemia?
Para Irani Pierre, diretora do Núcleo de Conservação Predial e Copeiragem (Nucol) e coordenadora do Grupo de Gestão de Resíduos do PLS – TRF1, “a preocupação com a saúde e o autocuidado não pode ocorrer em detrimento de um ambiente saudável, ou seja, é preciso evitar o contágio do vírus, todavia, também é imprescindível causar o menor dano possível ao planeta”, explicou a gestora à reportagem.
A busca pelo equilíbrio
A necessidade de distanciamento social e a adoção do trabalho remoto fizeram com que muitas pessoas passassem mais tempo em suas residências. A medida, essencial para se evitar o contágio da Covid-19, ao mesmo tempo em que impactou comportamentos, modificou positivamente algumas paisagens e cenários naturais ao redor do mundo – menos poluição nos canais de Veneza, na Itália, e diminuição de emissão de gases poluentes em países como Estados Unidos ou China. Antagonicamente, a medida também colabora para aumentar a produção de lixo doméstico, o consumo de energia elétrica residencial e, como o país enfrenta uma pandemia, aumenta, ainda mais, a produção de lixo hospitalar.
A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) emitiu uma Recomendação para a Gestão de Resíduos Sólidos durante a pandemia de coronavírus (Covid-19). O texto, de março deste ano, alerta que por causa do período de quarentena, do isolamento e do distanciamento social adotados a Associação estimava “um aumento relevante na quantidade gerada de resíduos sólidos domiciliares (de 15% a 25%) e um crescimento bastante considerável na geração de resíduos hospitalares em unidades de atendimento à saúde (10 a 20 vezes)”.
Segundo a nota, “a prestação dos serviços de limpeza urbana é essencial para a proteção do meio ambiente e da saúde humana e não pode ser interrompida, mesmo durante processos epidêmicos. Por conta desse caráter de essencialidade, é indispensável assegurar que tais serviços sejam diariamente executados, pois contribuem para auxiliar na prevenção da transmissão do coronavírus, bem como de outras doenças e endemias decorrentes do acúmulo e da má gestão de resíduos que, por sua vez, têm o condão de afetar a imunidade das pessoas, o que seria uma agravante no quadro atual”.
Mais lixo em casa, menos nas instituições. No TRF1, a quantidade de lixo produzida e o consumo de água e energia diminuíram consideravelmente desde que foi instituído o período de Plantão Extraordinário no dia 19 de março (Resolução Presi 99855909). Dados verificados pelo Tribunal no período apontam para a redução desses números.
Coleta Seletiva
As lixeiras para coleta seletiva do TRF1 há muito não recebem a quantidade de resíduos que, habitualmente, ali eram depositados dia após dia. Segundo os números do Núcleo de Conservação Predial e Copeiragem (Nucol), em janeiro de 2020 foram coletados, pela cooperativa que faz a coleta seletiva do TRF1, um total de 3.257 kg de resíduos recicláveis.
Em fevereiro, esse total foi de 3.198 kg, e em março, mês que a coleta foi interrompida, esse total correspondeu a 1.706 kg. Ainda no mês de março, a quantidade de resíduos recicláveis apresentou uma queda significativa. Nos meses seguintes, abril e maio, não houve coleta. O fato de grande parte do corpo funcional do Tribunal permanecer em trabalho remoto diminuiu ainda mais o acúmulo de resíduos do TRF1.
Em 17 de junho, foram coletados 230 kg de papelão solto e 1.380 kg de papel branco. Em 24 de junho, o total de coleta foi 440 kg de papelão solto e 100 kg de material plástico, um total de 2.150 kg que foram acumulados no Tribunal durante os meses de abril, maio e junho. Se dividirmos esse valor total pelo número de meses em que não houve coleta, isto é, 3 meses, isso daria 716,7 kg em cada um dos meses, o que representa uma queda substancial na produção de resíduos sólidos recicláveis.
Consumo de energia elétrica
Não somente a produção de lixo caiu no TRF1, mas o consumo de energia elétrica e de água também diminuíram consideravelmente. Em janeiro e fevereiro deste ano, o consumo de energia nos nove edifícios ocupados pelo TRF1 (Sedes I e II, Anexos I, II e III, Base Operacional, Centrejufe, Nova Sede e Depósito SAAN) foi de 468.297 kW e 411.010 kW, respectivamente. Já nos meses subsequentes, março, abril, maio e junho, o consumo foi de 371.814 kW, 197.435 kW, 203.094 kW e 191.162 kW, respectivamente. De janeiro a junho de 2020, em reais, isso representou uma economia de R$ 194.500,17.
Vale lembrar que a redução do consumo de energia elétrica já vinha sendo instituída no Tribunal. Em fevereiro deste ano, a Comissão Gestora do Plano de Logística Sustentável (CGPLS) divulgou o resultado do Índice de Acompanhamento da Sustentabilidade na Administração da 1ª Região (IASA). Esse indicador – concebido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) – mostra que houve melhora tanto no TRF1 como nas Seções Judiciárias da 1ª Região isoladamente. Ele é obtido com base na média do índice do Tribunal e das suas 14 Seccionais.
O indicador geral da sustentabilidade da 1ª Região em 2019 obteve 1,88 ponto e em 2018 foi de 1,69. O aumento, portanto, foi de 0,19 ponto numa escala de medição em que 0 é o pior resultado e 3 é o melhor.
Essa melhora no IASA se deve, dentre diversos fatores, à racionalização no uso de energia elétrica, um dos quesitos aferidos no Índice. Segundo apontou o indicador, a redução com o consumo de energia elétrica, em 2019, o TRF1 consumiu 4.268.699 kWh de energia elétrica, o que representa uma redução de 35% em relação ao ano de 2015, ano em que o PLS foi instituído no Poder Judiciário e que serve como base para se comparar o Índice.
De acordo com Carlos Domingues, membro da Comissão Gestora do PLS e supervisor da Seção de Apoio à Gestão Socioambiental e de Acessibilidade e Inclusão (Seamb) do Tribunal, “a melhora do resultado obtida em 2019, segundo ano de aferição do índice na 1ª Região, foi consequência da execução eficaz de ações socioambientais do PLS realizadas a partir da análise dos dados de 2018”.
Ele destacou, ainda, que o amadurecimento das áreas socioambientais e o aprimoramento do controle dos parâmetros da sustentabilidade de toda a 1ª Região permitiram ao TRF1 orientar as Seccionais a priorizarem ações de baixo custo e com mais facilidade de implementação.
Ao longo destes últimos quatro anos foram economizados cerca de R$ 3,4 milhões nos edifícios ocupados pela Corte (Sede I, Sede II, Adriana, Base Operacional, Centrejufe, Anexos I e III). O que alçou a Meta 5 do PLS – Reduzir o consumo de energia elétrica em kWh em 0,5% a.a. até 2020 – à categoria de cumprida e superada.
Entre as medidas que o TRF1 vem adotando para reduzir o consumo de energia estão: substituição da iluminação por lâmpadas de LED; redução na quantidade de lâmpadas utilizadas; revisão de acionamento das lâmpadas; instalação de sensores de presença e redução do período de funcionamento do sistema de climatização (ar-condicionado) de uso coletivo.
Medidas essas que foram potencializadas durante o período do Plantão Extraordinário do Tribunal e farão, juntamente com novos critérios de segurança e economia, parte do pacote adotado para a retomada gradual dos serviços presenciais da JF1, prevista a partir do dia 3 de agosto.
Segundo a diretora do Nucol, Irani Pierre, as campanhas de conscientização a serem adotadas no retorno ao trabalho presencial no TRF1 estarão relacionadas à segurança sanitária para prevenir o contágio da Covid-19 e ao cuidado com o meio ambiente. “Estamos criando a campanha do Retorno Seguro diretamente ligada ao tema da sustentabilidade”, afirmou.
Consumo de água
Assim como o consumo de energia elétrica, o consumo de água no TRF1 apresentou uma queda substancial após a implementação do regime de Plantão Extraordinário. Os meses de março, abril, maio e junho apresentaram uma queda no consumo, em metros cúbicos (m³) de -13,84%, -57,79%, -73,15% e -59,45%, respectivamente, em relação ano de 2014, usado como base para a medição.
De acordo com o Relatório de desempenho do PLS, relativo ao ano de 2019, a Meta 6 – Reduzir o consumo de água e esgoto em 8.000 m³ até 2020 – também foi cumprida e superada. Em 2019, o Tribunal consumiu 27.944 m³ de água, uma redução de 47% em relação ao ano de 2015, em que consumiu 52.920 m³.
Ainda segundo o relatório, essa redução é atribuída às campanhas internas e externas – realizadas no TRF1 e no DF para conscientização acerca do consumo sustentável dos recursos hídricos – à adoção de medidas de manutenção preventiva e corretiva nas instalações hidráulicas, à utilização de reuso de água pelo Tribunal, bem como à implantação do sistema de biolavagem para toda a frota de veículos oficiais do órgão, proporcionando uma redução de até 95% de água em comparação com a lavagem convencional.
Manter esses números baixos na coleta seletiva e no consumo de energia e de água é uma missão constante do TRF1. De acordo com Irani Pierre, causar o menor dano possível ao planeta é o foco nas campanhas de sustentabilidade. “Não faz sentido estar saudável em um planeta adoecido”, afirmou ela à reportagem.
Foi pensando nas reflexões advindas do mundo da pandemia e pós-pandemia que o TRF1 criou a programação virtual da já tradicional Semana do Meio Ambiente, que ocorre todos os anos em celebração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho.
Veja como foi a Semana do Meio Ambiente do TRF1
A conscientização acerca do consumo sustentável, essa é a grande aposta da Justiça Federal da 1ª Região na Semana do Meio Ambiente do TRF1. A busca pelo equilíbrio tão necessário entre o uso dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente foi o mote principal das atividades desenvolvidas entre os dias 23 e 26 de junho.
De acordo com a supervisora da Seção de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho (Sevid) e coordenadora do Grupo Executivo IV, do Comitê Gestor do PLS/TRF1, Aline Campos, os temas abordados na Semana do Meio Ambiente do TRF1 foram escolhidos porque “a pandemia forçou todos os brasileiros a ficarem em casa ou a passarem mais tempo dentro dela. Com isso, o consumo de energia elétrica e água nas residências recebeu atenção redobrada”.
Em razão disso, durante a Semana, foram trabalhadas mensagens de que ações simples, realizadas no dia a dia, podem fazer grande diferença quando o assunto é economia de energia e de água. Vantagens e benefícios de se colocar em prática novos hábitos são reflexos positivos no bolso do consumidor até a grande questão, que é a necessária preservação do meio ambiente.
Com o tema “Plantar... Colher...”, a Semana do Meio Ambiente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região neste ano de 2020 foi marcada pelo envio diário de vídeos para os e-mails de todo o corpo funcional da 1ª Região e por uma live (palestra transmitida em tempo real) sobre o tema.
A finalidade do evento foi incentivar o envolvimento de todo o corpo funcional nas ideias de gestão sustentável e de promoção de práticas ambientais saudáveis tanto em casa como no espaço de trabalho.
O presidente do TRF1, desembargador federal I'talo Mendes, abriu a programação com mensagem direcionada a toda a JF1, em que convidou as pessoas a prestigiarem as atividades virtuais propostas em conformidade com o Plano de Logística Sustentável do TRF1 (PLS – TRF1).
As atividades ocorreram entre os dias 23 e 26 de junho e tiveram início com a exposição virtual “Viagem por um mundo possível”, que se propôs a disseminar a ideia de "plantar atitudes positivas para colher ações transformadoras”. A amostra foi realizada com fotografias cedidas pela empresa Fotoclube Luz na Lente, de Brasília, e por outros colaboradores para utilização na exposição.
Sob a ótica de que “tudo pode ter um lado bom, até mesmo uma pandemia”, o vídeo trouxe a premissa de que podemos buscar no meio ambiente as maiores lições para lidar com este momento de isolamento social, quarentena e medo quando convivemos com sentimentos como solidão, saudade, amor, alegria.
Por intermédio das imagens, o espectador pôde acompanhar exemplos de resiliência, criatividade e superação registrados pelas lentes de profissionais sensíveis aos sinais fornecidos pela própria natureza.
A supervisora da Seção de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho e coordenadora do Grupo Executivo IV, do Comitê Gestor do PLS/TRF1, Aline Campos, destacou que “o meio ambiente está atrelado ao nosso viver. Por isso, é importante a participação de todos nas discussões das questões ambientais que podem influenciar, irreversível e diretamente, na forma em que vivemos e nos relacionamos com as outras pessoas”.
O vídeo da exposição já contava ao fim de junho com mais de 630 visualizações no canal do TRF1 no Youtube. A servidora Juliana Espindola, da Assessoria de Relações Públicas e Cerimonial (Asrep), em seu comentário na página, escreveu: “A exposição ficou fantástica. De fato, a natureza é muito sábia, e com ela aprendemos a nos reinventar neste tempo de reflexos causados pelo isolamento social”.
João Rios, fotógrafo e presidente do Fotoclube Luz na Lente, enviou mensagem expressando "como ficou lindo, como os editores do vídeo souberam colocar as palavras e frases certas nas fotos certas! Parabéns a todos pelo trabalho, e estaremos juntos quando precisarem".
O segundo dia da Semana do Meio Ambiente do TRF1 foi marcado pelo envio diário de vídeos de curta duração da campanha “Acenda a consciência e apague o desperdício” para todo o corpo funcional da 1ª Região. Vídeos com dicas de economia de energia, produzidos por servidores e colaboradores do TRF1, foram enviados por e-mail, WhatsApp e pelo Informe TRF1, via Teams.
Com o slogan “se um esquecer, o outro lembra”, os vídeos enfatizaram que todos nós temos a responsabilidade de cuidar do meio em que vivemos.
A ideia foi difundir o conceito de que “somos todos responsáveis pela preservação do meio ambiente, seja em casa ou no trabalho”. O conteúdo dos vídeos abordou ações práticas de economia de energia. Fernanda Medeiros, da Assessoria de Comunicação do TRF1 (Ascom), mostrou a importância de se apagar a luz ao sair de um cômodo. Já Ivani Morais, chefe da Assessoria de Comunicação Social (Ascom) do Tribunal, disse que nunca é demais lembrar que fechar o chuveiro enquanto nos ensaboamos economiza não somente energia, mas também uma grande quantidade de água e de dinheiro.
A servidora Rosângela Cruz gravou outra mensagem. Segundo ela, deixar aparelhos eletrônicos em stand by continua gastando energia. O ideal é, ao terminar o uso, desligar os equipamentos. Acumular roupas para serem lavadas na máquina de lavar em um dia e ainda usar a função 'rápido' da lavadora economiza energia e uma enorme quantidade de água, foi a dica do designer gráfico Ramon Duarte.
Já para José Arnaldo Martins, da Divisão de Engenharia e Manutenção Predial (Dieng), a melhor energia a ser gasta é a do corpo, gastando umas calorias ao preferir usar as escadas aos elevadores. Usar o máximo da luz natural para fazer as tarefas do dia a dia foi a dica da servidora Lucimar Nunes (Ascom). Para Caciane Barbosa, da Escola de Magistratura Federal da 1ª Região (Esmaf), o uso do lava-louças economiza muita água sem onerar a conta de luz se você juntar o máximo de louças para lavar de uma só vez no dia.
A supervisora da Sevid, Aline Campos, parabenizou a todos os envolvidos na campanha e destacou a importância de disseminar informações que possam ajudar no controle de gastos com energia. “É muito bom saber que temos pessoas dispostas a colaborar. Assim, não só o bolso do consumidor que é agraciado, mas principalmente o meio ambiente”, enfatizou.
Carlos Domingues, supervisor da Seção de Apoio à Gestão Socioambiental e de Acessibilidade e Inclusão (Seamb), ressaltou que “o Tribunal fez uma ótima campanha para a redução de consumo de energia e de água, colocando dicas práticas e curtas, mas que são realmente eficazes”.
A Semana do Meio Ambiente do TRF1 celebra o Dia Internacional do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho. Tradicionalmente, o evento levanta questões e visa estimular o corpo funcional da Corte a refletir acerca da necessidade de preservação do meio ambiente e da adoção de atitudes conscientes e mais sustentáveis no ambiente de trabalho.
Esse também foi o objetivo do terceiro dia de programação do evento, que abordou práticas corretas de se fazer o descarte do lixo produzido diariamente em casa e no local de trabalho. A campanha “No descarte, faça a sua parte” teve o mesmo formato do dia anterior sobre energia elétrica, com a participação de servidores do Tribunal que colaboraram com o envio de práticas e dicas em vídeos gravados.
Para a servidora Irani Pierre, diretora do Núcleo de Conservação Predial e Copeiragem (Nucol) e coordenadora do Grupo de Gestão de Resíduos do PLS – TRF1 “na semana do Meio Ambiente, o TRF1 trouxe aos seus colaboradores um olhar diferenciado sobre o cenário atual em que nos encontramos”. Segundo ela, a preocupação com o planeta não pode ser deixada de lado, mesmo em tempos de pandemia. “Cuidar da nossa casa comum é essencial para que ao sairmos dessa crise possamos reconhecer as suas belezas naturais e os impactos de nosso estilo de vida atual sobre o meio ambiente”, afirmou.
Irani ressaltou ainda a importância de “rever atitudes, criar novos hábitos, ressignificar nossa relação com a natureza e, principalmente, recusar o uso de descartáveis, sempre que possível. Isso vai trazer a nossa vida uma nova visão sobre o consumo e uma nova percepção sobre o propósito da nossa existência. Preservar é garantir que as gerações futuras tenham os mesmos direitos que temos hoje”.
E encerrando a Semana do Meio Ambiente do TRF1, a professora Teresa Villac realizou a live: “Meio ambiente no período de quarentena: reflexões momentâneas com efeitos duradouros”, na qual convidou todo o corpo funcional da Justiça Federal da 1ª Região a pensar sobre as práticas de gestão sustentável após o período da pandemia.
Teresa Villac é doutora em Ciência Ambiental, filósofa, advogada da União e diretora de consumo sustentável do Instituto Direito por um Planeta Verde da Advocacia-Geral da União (AGU), onde também é coordenadora da Câmara Nacional de Sustentabilidade.
Em sua apresentação, a doutora ressaltou a necessidade de aplicação de políticas públicas sustentáveis após a pandemia do novo coronavírus. “Vamos fazer juntos!”, convidou a professora. “Estamos em um momento de transição, no qual devemos pensar nas ações em prol de uma gestão pública com sustentabilidade”, afirmou a palestrante.
“Qual é o papel e o compromisso que a gestão pública brasileira tem para a implementação de uma sociedade que seja inclusiva, sustentável, inovadora e garanta a qualidade de vida dos cidadãos?”, indagou ao discorrer sobre o modelo de Gestão Pública Sustentável. Segundo Teresa Villac, a gestão pública se vale de ferramentas já disponíveis na própria gestão para instituir valores e princípios constitucionais.
De acordo com ela, existem quatro dimensões que abrangem a gestão sustentável: a ambiental, a social, a cultural e a ética. “Nós precisamos ampliar nossos olhares e nossa colaboração utilizando as ferramentas já existentes, como as licitações sustentáveis e o PLS para conscientizar e sensibilizar as pessoas a atuarem com responsabilidade e colaboração a fim de promover a dignidade humana por meio de nossas ações”.
A palestrante destacou, ainda, que este momento de transição e aceleração da implementação de novos meios de trabalho “é um chamado para a ação”. Para Teresa, “nossas ações no serviço público precisam contemplar a qualidade de vida dos servidores públicos, a resposta social, as contratações públicas sustentáveis e a gestão adequada de resíduos”.
Teresa Villac, ao finalizar a apresentação, enfatizou que “sem a colaboração e atuação sistêmicas e integradas com a educação ambiental, os resultados demorarão muito mais a aparecer”. Em tempos de pandemia, “todos nós somos agentes públicos brasileiros, e as dificuldades não podem nos impedir de agir”.
Ao encerrar a semana do Meio Ambiente, o presidente do TRF1, I’talo Mendes, ressaltou a importância do evento, que,
segundo ele, representou “uma oportunidade de refletir sobre gestão sustentável e práticas ambientais importantes para o equilíbrio do planeta”.
A live de encerramento continua disponível juntamente com os vídeos de práticas sustentáveis veiculados durante os outros dias de programação, no canal do TRF1 no YouTube.
Confira as dicas que os colegas do TRF1 deram sobre o descarte correto dos resíduos:
Lixo eletrônico: a servidora Adriana Dutra, da Assessoria de Comunicação Social (Ascom) do TRF1, ensinou como fazer o descarte ecológico do lixo eletrônico que produzimos. Segundo Adriana, “celulares, notebooks e aparelhos eletrônicos em geral facilitam muito a vida da gente, mas também podem ser muito prejudiciais ao meio ambiente se não forem descartados corretamente”. Para isso, o ideal é entrar em contato com a empresa fabricante do equipamento eletrônico e verificar se lá eles têm uma política de “Logística Reversa”, em que incentivam o consumidor a dar uma destinação correta ao aparelho.
Embalagens tetra pack e de isopor: para a servidora Aline Maria Lima, da Secretaria de Bem-Estar Social (Secbe), a melhor maneira de se descartar embalagens tetra pack, “produzidas por diversos materiais que dificultam o processo de reciclagem, como papel, polietileno e até alumínio”, é enviá-las a algum destino específico de reaproveitamento do material. De acordo com Aline, o projeto “Paredes do Bem”, no Distrito Federal, utiliza esse tipo de embalagem para fabricar placas térmicas impermeáveis, "usadas na fabricação de revestimento nas casas de famílias em situação de vulnerabilidade social”.
Ela reforça, ainda, que as “tampinhas” plásticas das embalagens tetra pack ou de outros recipientes também são recicláveis e, quando acumuladas, podem ser vendidas. O dinheiro pode ser usado para compra de cadeiras de rodas e fraldas infantis e geriátricas em diversos projetos sociais do DF. Já as embalagens de isopor (que também é um tipo de plástico), podem ser descartadas com outros materiais recicláveis.
Lixo contaminante: em época de pandemia, saber descartar o lixo caseiro de pessoas com Covid-19 é essencial. Foi o que explicou a servidora Cristiane Neris Abade, da Secretaria de Bem-Estar Social (Secbe). Segundo Cristiane, é necessário ter uma lixeira exclusiva para o descarte do lixo produzido por pessoas com a doença. O saco de lixo, usado para revestir a lixeira, deve ser marcado, com caneta permanente, com a frase: lixo contaminante. É importante também que o saco tenha o tamanho ideal para revestir a lixeira. Caso contrário, o lixo contaminado pode cair para fora da lata de lixo.
Misture uma solução de cinco colheres de sopa de hipoclorito de sódio para um litro de água. Limpe a parte interna da lixeira antes de adicionar o saco de lixo, e todas as vezes que essa lixeira for manipulada adicione uma borrifada com a solução. Por exemplo: jogou o resíduo na lixeira, aplique a solução.
Para o descarte da sacola de lixo é essencial retirá-la pela parte externa, higienizada com a solução de hipoclorito e acondicionada em um outro saco, também identificado com a frase "lixo contaminante" e, depois, dispensar a sacola no local de costume.
Embalagens plásticas: Irani Pierre de Araújo, do Núcleo de Conservação Predial e Copeiragem (Nucol) e coordenadora do Grupo de Gestão de Resíduos do PLS do TRF1, explicou que para se evitar pragas urbanas, como formigas, baratas e ratos, é necessário limpar o resíduo de comida que fica nas embalagens plásticas descartáveis. Conforme esclareceu Irani, isso pode ser feito com um guardanapo ou até com um pouco de água. Essa ação simples facilita "o armazenamento dessas embalagens até que ela seja descartada corretamente e também evita a proliferação de pragas indesejáveis”.
Óleo de cozinha: não descartar o óleo de cozinha nos ralos das pias ou nos vasos sanitários foi a dica da Nádia Santana, da Secretaria de Planejamento Orçamentário do TRF1 (Secor). De acordo com Nádia, uma boa maneira de se fazer esse descarte é acumular o óleo numa garrafa pet e depois encaminhá-la aos postos de coleta do Serviço de Limpeza Urbana do DF (SLU) ou da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), para quem mora no Distrito Federal. Nádia sugeriu, ainda, que “se você tiver habilidade, pode reaproveitar o óleo fazendo sabão”. Há várias dicas na internet de como fazer esse tipo de produto de limpeza.
Descarte de vidro: Nilda Aparecida Alves, da Divisão de Comunicação e Expedição Administrativa (Dicad), e presidente da Comissão Gestora do Plano de Logística Sustentável (CGPLS) do TRF1, explicou que o vidro “precisa de um longo tempo para a sua decomposição no meio ambiente, podendo chegar até a um milhão de anos”. Nilda esclareceu que, “apesar da dificuldade de decomposição ambiental, o vidro pode ser reaproveitado muitas vezes e de diversas maneiras diferentes”. Para isso, a melhor maneira de se descartar o vidro é encaminhar o material para postos de coleta de reciclagem. Essas instituições darão a destinação correta para os materiais.
Luvas e máscaras: a maneira adequada de se descartar luvas e máscaras é usando uma sacola de lixo identificada como 'lixo contaminante', ensinou Priscylla Lopes, da Divisão de Saúde Ocupacional do TRF1 (Disao). Segundo ela, para se retirar as luvas é necessário puxá-las pela parte interna, as luvas sairão do lado avesso e poderão ser colocadas diretamente na sacola. Após tirar as luvas, higienize as mãos e retire a proteção facial, puxando-a pelas alças de elástico que ficam presas nas orelhas. Depois que o equipamento de proteção foi descartado na sacola, amarre o saco e acondicione esse lixo no local de costume.
Lixo orgânico: para Vanessa Siqueira, da Seção de Ações Educacionais Presenciais (Sedup), uma ótima maneira de se descartar o lixo orgânico é fazendo a compostagem. Ela explicou que, ao contrário do que muitas pessoas pensam, a compostagem não deixa cheiro forte no ambiente “devido ao acréscimo de materiais como serragem, folhas secas e borra de café”. Para se fazer a compostagem são necessários dois recipientes plásticos com abertura larga, que possam ser acoplados um em cima do outro, e materiais como serragem, folhas secas e borra de café. “Esse processo resulta em nutrientes que poderão ser usados para adubar o jardim”, destacou Vanessa.