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JELLYFISH LAKE  

Conheça o Lago das Águas-Vivas, em Palau, na Micronésia, localizada no Oceano Pacífico ocidental. Foi ali que nosso colaborador Euvaldo Pinho conheceu a singularidade desses animais que, diferentemente dos que vivem em outros habitats, não causam queimaduras na pele. Confira!

Euvaldo Pinho*/CB
Ed. 114 Out 2020

Vou contar hoje uma situação de inversão de valores...

Como assim? 

Sabe quando passamos a vida sendo exaustivamente informados de um perigo como o de ter contato direto com águas-vivas ou similares, e, de repente, depararmos com uma situação inversa e o cérebro se recusa a aceitar essa condição? 

Pois é, foi o que enfrentamos receosos! Porém, no momento do encontro chegamos a nos "ensaboar" com as águas-vivas, passando-as até no rosto para desmistificar o que sabíamos e confirmar a veracidade do fato de que esses animais, especificamente os habitantes do Jellyfish Lake, em Palau, na Micronésia, não nos causam danos. Essa realidade existe tão somente ali, naquele lugar único, por motivos cientificamente comprovados que passarei a narrar em seguida!

 

Nosso hotel era o fantástico Palau Pacific Resort, com uma praia  artificial  fora de série, muito bem equipada com cabanas, cadeiras confortáveis e todo o serviço de bar a pronto atendimento. 

 

A ornamentação do resort é sui generis, produzida, por exemplo, com o aproveitamento das riquezas naturais dos corais mortos e da fauna e flora que existem em abundância, chamando a atenção para um dos mais bonitos orquidários que eu já conheci. O restaurante nada fica a desejar dos melhores espalhados pelo mundo, com uma equipe de serviço impecável e chefs de cozinha especializados principalmente em frutos do mar.

 

Cativantes e eficientes são os profissionais que trabalham no hotel. Os serviços de lanchas para passeios e mergulhos são de primeira qualidade, sem falar no espetáculo que observamos durante as navegações entre as Rock Island, já que durante a maré baixa não é possível passar em alguns desses canais.


Ao entardecer, não pude deixar de registrar um pôr do sol extasiante que, misturado ao azul do mar, lembra uma pintura aquarelada.

 

Quero dar um destaque às famosas Ilhas Rock, a maior atração turística de Palau, que se originam de um pequeno arquipélago formado por recifes de coral com 200 a 300 ilhas de rocha calcária, desabitadas, sobre as quais cresceu uma densa vegetação que transforma o local numa paisagem ímpar de águas azul-turquesa. (Faça uma pausa e assista aqui ao vídeo para visualizar a imensa e inusitada beleza desse lugar!!).

 

Devido a sua localização estratégica no Pacífico, Palau foi palco de inúmeras batalhas, o que tornou a ilha um verdadeiro museu a céu aberto, com tanques de guerra e casamatas abandonadas na vegetação intocada, sem falar nos inúmeros aviões e navios abatidos durante a Segunda Guerra Mundial e que hoje repousam no fundo do mar. 

 

MEDUSAS

Mas vamos ao que interessa:  após o café da manhã e os preparativos habituais, zarpamos com uma ansiedade desmedida para o destino mais espetacular e inusitado de Palau, o Lago das Águas-Vivas (Jellyfish Lake, de água salgada). Com certeza, todos nós sabemos que devemos nos afastar de toda e qualquer espécie de cnidário (animal invertebrado como a água-viva ou medusa), que povoa os   mares em todo o mundo e que devido ao alto teor urticante pode levar a pessoa até a um choque anafilático. 

 

Antigamente, os pescadores nos ensinavam que ao sermos atacados por uma delas deveríamos colocar urina no local atingido para que a ureia neutralizasse o efeito. Hoje, já foi comprovado que devemos, na verdade, é lavar o local com água doce e colocar vinagre em cima. E nas pessoas alérgicas é indispensável o socorro médico imediato.

 

Zarpamos da ilha de Palau rumo às Ilhas Rock, onde alcançamos ao sul a ilha Eil Malk, num trajeto de 45 minutos. Desembarcamos e caminhamos ao centro da ilha (com alguma dificuldade dado seu terreno irregular e íngreme) até encontramos uma plataforma de madeira revestida com pneus, onde nos equipamos com nadadeiras, neoprenes, óculos, snorkels e a inseparável máquina de filmagem e fotografia submarina. Seguimos nadando para o centro do lago.

 

Prontamente começamos a ver as águas-vivas ou medusas em grande quantidade, que a todo momento começavam a nos rodear dando as boas-vindas a nós, os intrusos. Pela proibição local, nem mesmo protetor solar poderíamos usar para se evitar contaminação da água. O cuidado é para preservar a proliferação das algas, único alimento das águas-vivas...

 

O que reportei acima aconteceu. Inicialmente, procurávamos nos esquivar, evitando contato direto com aqueles seres gelatinosos lindos e maravilhosos.  Eram aproximadamente trinta milhões de águas-vivas de diversos tamanhos bailando entorno de nós.

 

Aos poucos comecei a tocar as águas-vivas, e nada acontecia de nocivo. Nosso grupo, juntos e separados, fazia a mesma coisa enquanto eu filmava e fotografava a inusitada experiência. Gravava minha esposa segurando docemente essas criaturas a ponto de colocá-las no rosto como que para provar que nenhum mal nos fazia. Posteriormente, invertemos os papéis para que eu também saísse na filmagem e nas fotos.

 

Ao mergulhar mais profundamente, encontrava mais e mais águas-vivas, agora de tamanhos maiores, tomando cuidado para não ultrapassar os 15 metros de profundidade, onde se encontra uma concentração maior de sulfureto de hidrogênio (gás tóxico, sem cor e cheiro forte de ovos podres). Em grande quantidade, esse produto pode ser absorvido pela pele e até causar a morte.

 

Por interferência do "El Ninho", o Jelly Fish Lake começou a secar bastante em 2016 e foi proibida, pelo governo local, a visitação turística. A abertura só ocorreu no ano de 2018, quando o lago apresentou uma recuperação de 50% da sua capacidade.

 

Ano a ano o lago vem lentamente alcançando sua marca máxima, o que beneficia a todos que, como nós, vivenciam tal experiência. Saliento que existem mais lagos em Palau como o Jellyfish Lake, porém a visitação desses locais é proibida para os turistas, sendo permitida apenas para biólogos e cientistas.     

 

Para quem gosta de aventuras inusitadas e de um lugar paradisíaco, recomendo Palau, ilha estupenda!!! A visita ao Jellyfish Lake tem o custo de U$35,00 por pessoa.

 

No passado Palau era ligado ao Oceano Pacífico. Porém, quando o nível do mar baixou, as águas-vivas ficaram isoladas nesse novo lago, onde se desenvolveu um ecossistema propício à espécie. Sem risco de predadores, as águas-vivas foram ao longo dos anos perdendo seus ferrões, tornando-se inofensivas aos seres humanos, daí formou-se esse inédito fenômeno da natureza, que "Por Aí" encontrei!

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