Reutilizar e preservar
Tribunal implementa sistema para captar água da chuva e reutilizá-la para lavar garagens, áreas externas e calçadas
Larissa Santos e Patrícia Gripp
Março 2022
| Ed.
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Mais de 40% da água potável captada no Brasil é desperdiçada: é o que revela um estudo feito pelo Instituto Trata Brasil com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2020. Essa quantidade daria para encher aproximadamente 7,5 mil piscinas olímpicas ou gerar abastecimento para mais de 63 milhões de pessoas anualmente.
O País vem alcançando índices maiores de desperdício há alguns anos, sendo que de 2017 para 2020 o aumento foi de 1,8 ponto percentual. No ranking das regiões que mais desperdiçam, a região Norte está em primeiro lugar com 55,2%. Nordeste aparece em seguida, com 45,7%, depois Sul (37,5%), Sudeste (36,1%) e, por fim, Centro-Oeste (34,4%).
Quanto aos estados que mais registram desperdício, Amapá lidera com 74%, seguido por Amazonas, 68%, e Roraima, com 65%.
No Distrito Federal, onde fica sediado o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), o desperdício de água alcança os 35%, segundo a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb).
Em contrapartida, o DF registra volume considerável de chuvas de janeiro a março, com médias ultrapassando os 600 milímetros, conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). E por que não aproveitar o clima em favor da preservação do meio ambiente e de amenizar os efeitos do desperdício de água?!
Sustentabilidade no TRF1
Com base no princípio sustentável de reutilização, a equipe do Núcleo de Conservação, Copeiragem e Limpeza do TRF1 (Nucol) decidiu aproveitar a água da chuva para lavar garagens, áreas externas e calçadas.
Para isso, um sistema de captação de água foi implementado de maneira a recolher água da chuva de janeiro a março – período mais chuvoso – e armazená-la em recipientes plásticos próprios.
Durante esse período chuvoso, a água captada é utilizada para lavar os 818,60m² de garagens do Edifício Adriana. “Gastamos em torno de 480 litros de água por lavagem de garagens. Contando com a área externa, seria necessário em torno de 600 litros de água limpa para realizar tal ação. Dessa forma, enquanto durarem as chuvas, podemos lavar as garagens a cada dois meses ou de acordo com a necessidade”, explica a diretora do Nucol, Irani Pierre de Araújo Ribeiro.
Irani afirma que a iniciativa está em conformidade com o Plano de Logística Sustentável do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (PLS-TRF1) 2021-2026, que trata, dentre outras coisas, de economia e uso consciente da água.
Nesse sentido, em parceria com a Divisão de Engenharia e Manutenção Predial (Dieng), o Nucol também aproveita, para lavagem de garagens e de áreas externas, a água que seria descartada após a limpeza dos reservatórios (caixas d’água) nos Edifícios-Sede I e Anexos I e II.
“A Dieng trabalha em conjunto com o Nucol e sinaliza quando haverá limpeza de caixas d’água. Esse procedimento é realizado periodicamente por medida de segurança sanitária. Nossa equipe se programa e marca a higienização/lavagem de áreas utilizando o que seria descartado nessa limpeza de reservatórios”, explica Irani Pierre.
A diretora do Nucol acredita que o reaproveitamento de água é uma excelente opção no uso racional desse insumo: “A Dieng e o Nucol estão empenhados para atingir as metas do PLS. Essas ações economizam água, dinheiro e ajudam o meio ambiente, independentemente da crise hídrica”.
Um dos objetivos do PLS é a conscientização do público interno. Para isso, é importante promover o envolvimento de todos, e é exatamente isso o que a iniciativa de aproveitamento da água da chuva representa, de acordo com Irani.
“Foi assim que surgiu a ideia de reaproveitar a água da chuva para uso na lavagem de garagens e áreas externas, quando necessário. Gildo, nosso funcionário, foi quem teve a ideia”, comemora a diretora do Nucol, reforçando a importância de contar com o engajamento da equipe nas ações.