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Novos tempos, novos olhares
Live “Igualdade de Gênero nas Instituições” desperta olhar da Justiça à participação feminina em comemoração do Dia Internacional da Mulher
Renata Fontes, com informações da Secos/MT
Março 2021
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“Como falaremos de igualdade de gênero no pós-pandemia?”, questionou o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), desembargador federal I’talo Fioravanti Sabo Mendes, na abertura do evento em comemoração do Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 de março.
A live “Igualdade de Gênero nas Instituições – Novos tempos, novos olhares” foi transmitida ao vivo pelo canal do TRF1 no YouTube e trouxe um panorama da participação feminina na Justiça Federal da 1ª Região (JF1).
Além de lançar o questionamento aos participantes e espectadores do encontro, o presidente do Tribunal, em seu pronunciamento de abertura, parabenizou as mulheres da JF1 pela data.
Em seguida, o magistrado passou a palavra à desembargadora federal Daniele Maranhão, presidente da Comissão TRF1 Mulheres. Ela fez um breve histórico da criação da Comissão, há exatamente um ano: “hoje nós estamos retornando com as respostas para o questionamento feito pelo presidente I’talo de como vamos tratar as questões de gênero num contexto pós-pandemia”, explicou a desembargadora.
Portal Comissão TRF1 Mulheres
Daniele Maranhão destacou o lançamento da página “Comissão TRF1 Mulheres”, no portal do TRF1, que consiste em um espaço para fomentar ações implementadas pelo Tribunal sobre a participação feminina e a diversidade, bem como o registro de decisões que beneficiem as cidadãs brasileiras como, por exemplo, seguradas da previdência social, servidoras públicas ou afetadas por sentenças e acórdãos que tratam de direitos humanos.
Em seguida, foi apresentado vídeo sobre a criação, competência e realizações da Comissão TRF1 Mulheres desde a sua criação, produzido pela Assessoria de Comunicação Social do Tribunal (Ascom).
Mulheres da JF1
A juíza federal e membro da Comissão Maria Cândida Monteiro de Carvalho apresentou o resultado técnico da pesquisa realizada pelo grupo, em 2020, sobre a participação feminina na Justiça Federal da 1ª Região.
A pesquisa, com dados coletados entre 13 de julho e 27 de agosto de 2020, revelou, entre outros pontos, os desafios enfrentados pelas mulheres durante a pandemia.
De acordo com o levantamento, “a ampla maioria das respondentes manifestou insatisfação quanto à representatividade das mulheres no Judiciário. As finalidades desta Comissão, prevista na Resolução CNJ 255, vão ao encontro das necessidades identificadas pelas magistradas, servidoras, ocupantes de cargos comissionados, terceirizadas e estagiárias desta instituição”, informou a juíza Maria Cândida.
O resultado da pesquisa está disponível na página da Comissão, no portal do TRF1.
Questões de gênero
Seguindo a programação do evento, a psicóloga e filósofa Valeska Zanelo, convidada especial, abordou o tema “Processos de subjetivação de tornar-se homem e tornar-se mulher no Brasil”.
Ela lembrou que o conceito de pessoa não é somente biológico, mas também um conceito antropológico e, nesse sentido, em muitas culturas, mulheres negras e indígenas, durante um tempo, não eram consideradas pessoas na sociedade brasileira. Dentro dessa perspectiva, a psicóloga fez um apanhado histórico, até os dias atuais, sobre quando e como as tecnologias de gênero começaram a ser estudadas e delimitadas na nossa sociedade.
Para a gestora pública e pesquisadora no Programa de Pós-Graduação do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher, Iara Alves, segunda convidada especial do evento, as perspectivas de igualdade de gênero dentro das instituições públicas são perpassadas pelas tecnologias de gênero apontadas por Valeska Zanelo, a partir de pontos como a baixa representatividade de mulheres em cargos de liderança; a divisão sexual do trabalho; a representação; os estereótipos; o machismo institucional; a burocracia representativa, entre outros. Tudo isso pensado com recortes de raça, etnias e gênero.
Ao fim do encontro, os espectadores puderam assistir à apresentação do stand up, com a atriz e comediante Adriana Nunes, da Cia de Comédia “Os Melhores do Mundo”. Adriana é a única mulher da Cia e abordou, com muito humor, essa posição no seu meio de trabalho, “eu sou comediante, eu conto piada, mas algumas piadas mudaram. Eu não quero e não preciso mais fazer uma piada que diminua uma pessoa ou que contribua para aumentar o preconceito”, falou.
Muitos comentários foram deixados no chat da transmissão, parabenizando as mulheres pela data e a Comissão TRF1 Mulheres pela live. Andréia Oliveira disse: “Excelentes temas abordados na pesquisa. Muito bom podermos acompanhar os resultados, on-line, ainda mais na data de hoje. Parabéns!”. Francisco Ribeiro parabenizou todas as mulheres “em especial, para as servidoras da Justiça Federal da 1ª Região, que contribuem para levar Justiça ao jurisdicionado do nosso País”.
Depois das apresentações, foram sorteados brindes para as participantes de Brasília que acompanharam o evento e responderam o formulário disponibilizado durante a live.
Se você perdeu o evento “Igualdade de Gênero nas Instituições – Novos tempos, novos olhares” ou deseja reassistir, veja a íntegra aqui.
Comemoração na SJMT
Como parte dos eventos do Dia Internacional da Mulher, a Seção Judiciária do Mato Grosso (SJMT) promoveu, no dia 3 de março, a live “Lei Maria da Penha e os tipos de violência doméstica”.
Na ocasião, a juíza do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) Maria Consentino foi a facilitadora do encontro e levantou as dificuldades enfrentadas pela mulher diante de situações de violência.
Segundo a magistrada, “na maioria dos casos, há esperança de que o parceiro mude de comportamento, há medo de que a sociedade não aceite a mulher sozinha e há receio do processo de separação, mas esses são limites que devem ser superados”. Ela ressaltou, ainda, que a mulher deve se identificar como vítima e ter coragem de romper um relacionamento abusivo, não devendo ter vergonha de procurar ajuda por medo de ser criticada.
Para Maria Consentino, é possível antecipar os sinais de violência ficando sempre atenta ao comportamento do parceiro “se ele é controlador, se a relação foi construída ou se foi repentina”, explicou. Esses são, de acordo com a juíza, sinais que devem ser observados em um relacionamento para antecipar a violência doméstica.
Apesar dos avanços em relação aos auxílios à mulher que sofre violência, a magistrada acredita que ainda seja necessário muito esforço por parte da sociedade para vencer o preconceito. São desafios que devem ser superados diariamente, tais como a desconstrução do machismo, a fomentação do feminismo e a educação.
Também participaram do evento a diretora do foro da SJMT, juíza federal Vanessa Curti Perenha, e a diretora da Secretaria Administrativa, Analídia Abílio Diniz Brum, além de servidores da seccional.