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Boas práticas de conciliação e mediação

Juízes federais apresentam boas práticas da Justiça Federal da 1ª Região no 6º Fórum Nacional de Mediação e Conciliação

Patrícia Gripp

Março 2022

 |   Ed.

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Boas práticas de conciliação e mediação

É dever do Estado, sempre que possível, incentivar a resolução consensual de conflitos, conforme estabelece o novo Código de Processo Civil (CPC), no art. 3º. A legislação prevê, ainda, que a conciliação, a mediação e outras formas de resolução consensual de conflitos sejam estimuladas por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público tanto no início quanto no curso do processo.


Mas a tarefa de conciliar e mediar conflitos nem sempre é fácil, exigindo, muitas vezes, recursos e criatividade das instituições de Justiça para que seja possível encontrar um caminho conjunto de ambas as partes.


Para possibilitar o compartilhamento de iniciativas de sucesso nesse sentido, estimulando e possibilitando a reprodução pelos diversos órgãos de Justiça que incentivam soluções amigáveis para resolver lides em andamento, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) realizou o 6º Fórum Nacional de Mediação e Conciliação (Fonacom), em Maceió/AL.


Com o tema “A Justiça Federal na pós-pandemia: experiências e desafios da conciliação e mediação”, a programação do evento foi marcada por apresentações de boas práticas na área. A Justiça Federal da 1ª Região foi representada pelos juízes federais Lucilio Linhares Perdigão de Morais, da Subseção Judiciária de Manhuaçu/MG; Marina Rocha Cavalcanti Barros Mendes, da Seção Judiciária do Piauí (SJPI), e Márcio Barbosa Maia, da 26ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal (SJDF).


Reduzindo distâncias

Na palestra “Juizados Especiais Virtuais: Conciliação e acesso à jurisdição”, o juiz federal Lucilio de Moraes apresentou o projeto Juizados Especiais Virtuais, implementado na cidade de Teófilo Otoni/MG, em 2020, quando o magistrado era juiz titular da Vara Única da Subseção Judiciária da cidade.


Ele explicou que a Subseccional tem jurisdição sobre 62 municípios, com aproximadamente um milhão de habitantes jurisdicionados. “A gente detectou que, devido ao tamanho e à imensidão da nossa competência, as pessoas tinham que se deslocar tanto para realização de audiências quanto para realização de perícias, o que era muito dificultoso para as partes. Isso gerava um índice de ausências muito alto”, relatou o magistrado.


Para reduzir o problema, a Subseção Judiciária de Teófilo Otoni criou os os Juizados Especiais Virtuais em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e agentes locais, que “mudam de acordo com a localidade e podem ser, por exemplo, a Câmara Municipal, um consórcio de saúde ou até mesmo a própria prefeitura”, observou o juiz.

Lucilio de Moraes explicou que foram instalados pontos de atendimento a cidadãos no intuito de diminuir a distância para terem acesso à Justiça Federal, assim, “o cidadão jurisdicionado tem a possibilidade de participar de audiências via remota assim como da realização de perícias”.


Até o momento, foram instaladas seis unidades nos municípios de Araçuaí, Almenara, Capelinha, Águas Formosas, Padre Paraíso e Novo Cruzeiro, sendo que outras duas devem ser inauguradas, em breve, nas localidades de Medina e Malacacheta, todas no norte de Minas Gerais.


“Os Juizados Especiais Virtuais proporcionam uma redução substancial na ausência das partes em perícias e audiências, agilidade dos processos que hoje tramitam, em média, por 112 dias – em tempo muito bom. Houve, ainda, uma melhoria geral na rotina do serviço. O projeto está sendo continuado pelo atual juiz federal titular da Subseção Judiciária de Teófilo Otoni, Antônio Lúcio Túlio de Oliveira”, ressaltou.


A prática é reconhecida e recomendada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como iniciativa importante para a implementação do Juízo 100% Digital e da Justiça 4.0.


Cidadania em foco

O projeto Mutirão Pop Rua Jud foi apresentado pelo juiz federal Márcio Barbosa Maia, da SJDF. Trata-se do primeiro mutirão interinstitucional do País de atendimento à população em situação de rua e é realizado no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), localizado em Brasília/DF.


O magistrado explicou que a iniciativa foi desenvolvida a partir da Resolução 425 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que instituiu a Política Nacional Judicial de Atenção a Pessoas em Situação de Rua e suas interseccionalidades, a intenção é levar a cidadania para perto da população.


“Com a conjugação de esforços entre as instituições envolvidas, marcamos esse mutirão-piloto no Brasil. O objetivo é criar um fluxo nacional para realização desses mutirões itinerantes. São várias instituições para atenderem a várias demandas e singularidades dessas pessoas”, ressaltou Márcio Barbosa.


Entre os serviços prestados que a população em vulnerabilidade social pode encontrar nos mutirões estão: emissão da primeira ou segunda via da carteira de identidade, obtenção de benefícios previdenciários e benefícios sociais estaduais e nacionais, eventual liberação de FGTS ou de auxílio emergencial, além de resolução de pendências com a Justiça Eleitoral.


“O Centro Pop é um centro de acolhimento das pessoas em situação de rua. Lá, eles tomam banho, fazem o Cadastro Único, recebem três refeições por dia... Então, é confortável para eles, que não confiam nas instituições e muitas vezes são barrados, inclusive. Para fazer a perícia médica, improvisamos um consultório, mas deu certo. Foram 15 perícias e 15 acordos de conciliação”, comemorou o juiz federal.


Círculo de Conciliação

Outra boa prática apresentada foi o Círculo de Conciliação em Políticas Públicas, criado em 2016 como parte do Centro Judiciário de Conciliação da Justiça Federal do Piauí (Cejuc/PI).


A juíza federal Marina Rocha Cavalcanti Barros Mendes relatou que o objetivo é solucionar conflitos de grande impacto social por meio da criação de um espaço de interlocução entre os entes envolvidos no processo, contribuindo para a definitiva solução do problema.


“Nós lidamos com muitas ações civis públicas que se referem a problemas de estrutura, saúde e moradia. Então, nesse tipo de processo, o juiz não consegue resolver na caneta e se torna muito difícil. O Círculo recebe processos, principalmente das varas cíveis, e inicia seu modus operandi. Marcamos uma audiência de identificação de posições, chamamos tanto os órgãos que são partes no processo como outros que podem contribuir para a solução e tentamos montar um cronograma de providências para que, ao fim, a questão seja efetivamente resolvida”, ressaltou Marina Mendes.


A juíza destacou que, apesar de alguns casos não serem tão bem-sucedidos, muitos outros são e, por isso, ela enfatizou que valeu muito a pena a implementação do Círculo de Conciliação em Políticas Públicas, “porque muitas vezes o resultado da conciliação é maior do que o pedido”.


Outros painéis

Além da apresentação da Justiça Federal da 1ª Região, outras práticas foram explanadas e outros assuntos debatidos no Fórum, tais como “Conciliação em programas habitacionais e da Caixa Econômica Federal (CEF)” e “Conciliação em processos estruturais e demandas repetitivas – manual de conciliação”.


É possível assistir à íntegra do evento no canal da Ajufe no YouTube.

A plenária do 6º Fonacom resultou em 17 propostas de enunciados aprovados, 12 propostas de recomendações, revisão do texto de dois enunciados passados e uma recomendação. A lista aprovada em plenária será entregue ao Comitê Gestor de Conciliação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região

Praça dos Tribunais Superiores SAU/SUL 5 - Asa Sul, DF, 70070-900

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