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Image by Volodymyr Hryshchenko

Ginástica mental 

Manter as capacidades cognitivas afiadas contribui para o bem-estar e ajuda a prevenir e combater doenças neurológicas e, inclusive, consequências pós-Covid

Áurea Batista/LS  |   Ed. 125 outubro 2021

Habilidades como foco, memória, concentração e raciocínio lógico dependem de treino e prática como qualquer outra. Sendo assim, exercícios cerebrais para o fortalecimento dos neurônios promovem a saúde e a longevidade mental, além de auxiliar na prevenção de doenças psicológicas e no combate aos impactos que outras doenças – como a Covid-19, por exemplo – podem causar ao cérebro.  

 

A saúde do principal órgão do sistema nervoso central é de extrema importância no período de recuperação de pacientes que contraíram a Covid-19, mas, devido às complicações da doença, muitos podem permanecer com consequências neurológicas.  

 

Observações realizadas no Hospital Santa Mônica, de São Paulo, destacam que os sintomas que podem persistir após a infecção do vírus incluem: transtornos psíquicos, instabilidade emocional e problemas neurológicos.  

 

Pesquisa feita pelo Instituto do Coração (Incor) em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), em 2021, revela que 80% dos pacientes brasileiros recuperados da doença sofreram com mudanças comportamentais e emocionais, esquecimento momentâneo, dificuldade de concentração e problemas relacionados a compreensão e raciocínio. O estudo também aponta que a recuperação física nem sempre acompanha a recuperação cognitiva.  

 

Todos ou parte desses sintomas podem ocorrer devido à hipóxia, conforme sugere pesquisa científica publicada na Revista Brain. Ou seja, as sequelas neurológicas podem ter relação com a falta de oxigenação no cérebro de quem contrai a Covid-19, mesmo que o vírus não tenha infectado as células específicas do órgão. 

 

Além das consequências cognitivas, a instabilidade emocional está entre um dos sintomas prolongados mais comuns, como revelou um estudo da Universidade de Oxford, nos Estados Unidos. Ela se manifesta, geralmente, em forma de insônia, ansiedade e depressão, especialmente em pacientes que possuem histórico de complicações psicológicas.  

 

Dados como esses demonstram a importância de fortalecer o cérebro, esteja o paciente infectado com o novo coronavírus ou não. A capacidade do cérebro de lidar, de forma saudável, com alterações e resistir aos impactos de doenças depende da saúde e da quantidade de neurônios que ele tem, bem como da reserva cognitiva – capacidade estimulada pelos exercícios mentais –, que também tem um papel importante nesse cenário. 

 

Ginástica Cerebral no TRF1

Diante da importância de manter o cérebro ativo – não só no contexto de doenças, mas também para prevenção delas e promoção do bem-estar –, surge a neuróbica: ginástica do cérebro. A técnica consiste em uma série de exercícios para tirar o cérebro da “zona de conforto” e acabar com o “sedentarismo” dele, assim como ocorre com o corpo na ginástica convencional. 

 

Tais exercícios se propõem a estimular os cinco sentidos (tato, paladar, visão, olfato e audição) e, com isso, melhorar a capacidade de concentração, atenção e memória. A ideia é sair da rotina e mudar hábitos para que o cérebro se esforce mais para trabalhar. 

 

Para conscientizar o corpo funcional do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) sobre a importância da saúde neurológica, a Seção de Promoção da Qualidade de Vida (Sevid) realizou a oficina “Neuróbica”, de Ginástica Cerebral. 

 

Foram duas turmas compostas por servidores, que se reuniram em aulas ministradas por meio do Microsoft Teams. Com o apoio da companhia Supera e sob orientação de Wesley Oliveira e Emidio Lima, formados em Psicologia pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), a oficina abordou a prática de exercícios que desenvolvem as capacidades mentais.  

 

A oficina contou com jogos, debates e trabalhos de memória. “O cérebro é como um músculo. Se ele ficar na rotina, sem estímulos novos, ele vai perdendo a juventude cerebral”, explica a supervisora da Sevid, Aline Campos.  

 

Aline conta que diversos fatores motivaram a realização do curso, como, por exemplo, o debate sobre saúde mental impulsionado pela campanha Setembro Amarelo e o lançamento da segunda edição da pesquisa “Saúde mental de magistrados e servidores no contexto da pandemia de Covid-19”, coordenada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).  

 

A iniciativa reforça os esforços da Sevid e do TRF1 em conscientizar os colaboradores sobre a importância da saúde mental e promover o bem-estar e a qualidade de vida. “O cuidado com o corpo e com a saúde física geralmente recebe maior destaque, mas o cuidado com a mente é essencial e vai além de meditar e relaxar”, finaliza Aline. 

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