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Linha de produção de vacinas

Primeira e segunda doses da vacina contra a Covid-19 são fundamentais  para reduzir a circulação do vírus

A primeira dose prepara o sistema imunológico e a segunda, aumenta o potencial imunológico para a defesa contra o agente agressor. Ao não tomar a segunda dose da vacina o indivíduo poderá não atingir a imunidade duradoura.

Ana Paula Souza   |   Ed. 118 março 2021

O Brasil está vacinando seus cidadãos contra a Covid- 19 desde o dia 17 de janeiro. Em março, segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 17 milhões de brasileiros receberam a primeira dose da vacina, o que representa 8% da população. E pouco mais de 2,4%, ou seja mais de 5 milhões, estão imunizados com a segunda dose. Atualmente, o país está aplicando os imunizantes Coronavac,  Oxford/AstraZeneca e Pfizer, mas já existe previsão de novas vacinas como Janssen e Sputnik V para os meses de junho e julho respectivamente. Com exceção da Janssen, que é aplicada em dose única, as demais precisam de duas doses para garantir uma imunização mais eficaz.  

 

De acordo com os laboratórios fabricantes os percentuais de eficácia contra o vírus são altos, mas nenhuma assegura 100%: Pfizer: 95%, Sputnik V: 91,6%, AstraZeneca: 70%, Janssen: 66% e Coronavac: 50,4%. Conforme explica a médica do trabalho da Divisão de Saúde Ocupacional do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), Kessia Marques, essas taxas de eficácia dizem respeito à proteção contra a forma leve da doença, mas as campanhas de vacinação são essenciais para conter a disseminação do Vírus. “A eficácia de uma vacina é analisada em um ambiente controlado e é eficaz quando produz o efeito esperado. É fundamental ressaltar que essas taxas de eficácia dizem respeito à proteção contra a forma leve da doença. Considerando-se as formas mais graves de desenvolvimento da Covid-19 e os óbitos decorrentes desse agravamento, as vacinas apresentam uma proteção muito maior. A campanha de vacinação visa à imunização de toda uma população, o que permitiria controlar a circulação do vírus”, ressaltou Kessia.  

 

A médica explica que como esses imunizantes são caracterizados por vacinas de vírus inativado, que consiste em partículas virais, bactérias ou outros patógenos que foram cultivados em culturas microbiológicas e que não são capazes de produzir doenças, essas vacinas devem aplicadas em duas doses. E cada dose tem uma função primordial no processo de imunização. “Como os vírus inativados tendem a produzir uma resposta mais fraca pelo sistema imunológico que os vírus vivos, adjuvantes imunológicos e múltiplas injeções de reforço podem ser necessários para fornecer uma resposta imune eficaz contra o patógeno inativado, motivo pelo qual a maioria das vacinas contra a Covid-19 são aplicadas em duas doses. A primeira dose prepara o sistema imunológico e a segunda, aumenta o potencial imunológico para a defesa contra o agente agressor. Ao não tomar a segunda dose da vacina, o indivíduo poderá não atingir a imunidade duradoura. Além de ter uma resposta imunológica ineficiente, você poderá ter um tempo de imunidade menor e ficar suscetível a uma reinfecção pela doença. Não se sabe ao certo a respeito da periodicidade da vacina. Estudos ainda estão sendo realizados”, detalhou a médica do trabalho do TRF1. 

 

Para Kessia Marques, embora a vacinação contra a Covid-19 leve a um clima de otimismo e esperança, a pandemia ainda está longe de acabar e os cuidados para controlar a disseminação do Coronavírus devem continuar. “O fim da pandemia e o retorno ao que conhecemos como normalidade ainda está longe. Viajar sem restrições, não usar máscaras e participar de eventos de massa são algumas atividades que vão demorar para retornar. Os percentuais que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima necessários para alcançar a imunidade de rebanho, ou seja, uma imunidade de coletiva mínima, mas necessária, para deter a doença gira em torno de 60-70%. Levando em consideração que somos mais de sete bilhões, isso pode levar anos. Embora exista um certo consenso em vacinar cerca de 70% da população, a doença e sua imunidade ainda não são 100% conhecidas. Dependerá também da eficácia da vacina e de quanto tempo dura a proteção nas pessoas. No melhor dos mundos, o ideal seria que tivéssemos imunizantes com uma alta taxa de esterilização, proteção contra formas graves e óbitos, sobretudo, limitação de infecção, o que determinaria um impacto importante ao aparecimento de novas variantes e que poderiam ser refratárias às vacinas, o que não invalida as vacinas em curso. Se quisermos que todo os nossos esforços sejam resolutivos, não basta acelerar a campanha vacinal, mas, destacadamente, não descuidarmos das medidas não farmacológicas como uso de máscaras de proteção, distanciamento físico e higienização das mãos. A caminhada continua”, finalizou.  

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