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À ESPERA DE UMA VACINA

Brasil avança em estudos clínicos de vacinas contra o novo coronavírus

Ana Paula Souza   |   Ed. 109 Mai 2020

Maio foi o mês de maior expansão de contágio pelo novo coronavírus no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O País começou o período com pouco mais de 91 mil casos notificados e chegou a 498.440, um aumento de 444%. Pelas informações do Ministério, o número de mortes também cresceu: foram 28.834 óbitos pela Covid-19.

 

Esse cenário leva ao anseio, cada vez maior, por uma vacina que possa prevenir de forma efetiva o contágio da doença. Muitos países têm desenvolvido estudos para fabricação de uma vacina que combata o vírus. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem 133 pesquisas sobre esse assunto cadastradas no mundo. Dessas, 10 já estão em fase de testes clínicos em humanos.

 

Além de desenvolver pesquisas para criação de vacinas, o Brasil também participa de estudos em outros países para realizar testagem de medicamentos. Um exemplo é a vacina ChAdOx1 nCoV-19, criada pela Universidade de Oxford, no Reino Unido. A vacina será testada a partir de junho em brasileiros por meio de uma parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Fundação Lemann.

 

A estimativa é que pelo menos cinco mil profissionais da saúde participem das testagens no Rio de Janeiro, São Paulo e na Região Nordeste. A ideia é contar com voluntários que não tenham contraído a doença anteriormente e que estejam na linha de frente do combate à Covid-19, como médicos e enfermeiros, pois esses estão mais expostos à contaminação. Os testes serão coordenados pelo Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Unifesp. Já a Fundação Lemann atua no custeio de toda a infraestrutura médica e de equipamentos necessários.

 

A vacina de Oxford também conta com o apoio oficial do governo brasileiro. Segundo informações do Ministério da Saúde, o governo federal enviou resposta à embaixada britânica e ao presidente do laboratório AstraZeneca aceitando a proposta de cooperação no desenvolvimento tecnológico e acesso do Brasil à vacina para Covid-19. O acordo prevê a compra de lotes da vacina e a transferência de tecnologia.

 

Se demonstrada a eficácia da imunização, serão 100 milhões de doses à disposição da população brasileira. A tecnologia será desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ligada ao Ministério da Saúde. Para o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, a parceria enfatiza o compromisso do Brasil contra a pandemia. "A partir do acordo, o país reforça sua contribuição com o mundo no desenvolvimento de uma resposta definitiva à pandemia e reafirma o seu compromisso em salvar vidas”, destacou o secretário em resposta enviada pela Assessoria de Comunicação do órgão.

 

Além da vacina do Reino Unido, o governo federal acompanha outros 16 estudos de ensaios clínicos relacionados à vacina da Covid-19. Com isso, conforme o Ministério da Saúde, o País poderá ter vacinas produzidas por diferentes institutos, se necessário.

 

Vacina promissora

Outro projeto importante sobre a vacina contra o novo coronavírus no Brasil é o do Instituto Butantan, em São Paulo. A instituição trabalha em parceria com a empresa chinesa Sinovac na produção do Inactivated, que está na segunda fase de testes entre os chineses. Em junho, a vacina será avaliada também no Brasil com nove mil voluntários.

 

O imunizante foi produzido a partir de um tipo de coronavírus inativo, injetado em células cultivadas em laboratório. A metodologia já é utilizada pelo Butantan em outras vacinas. Após as testagens no Brasil, o próximo passo é o registro do medicamento pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em seguida, vem a transferência de tecnologia para produção de larga escala aqui no Brasil. A perspectiva é que a vacina seja fornecida entre o fim de 2020 e o começo de 2021. O diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, destacou a rapidez com que os estudos estão sendo realizados para a produção. "Poucos meses após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no País. São Paulo vai liderar um ensaio clínico fase três e se prepara para iniciar a produção nacional de uma vacina promissora, que poderá ser disponibilizada em tempo recorde na rede pública de saúde. Estamos orgulhosos de participar da luta contra a Covid-19 e esperamos trabalhar com o Instituto Butantan para ajudar o povo do Brasil", afirmou Dimas, por meio de release enviado à reportagem.

Prevenção atual

Enquanto os estudos sobre vacina não são concluídos, as melhores formas de prevenção continuam sendo o isolamento social, o uso de máscara e a higienização com solução de álcool gel a 70%. Muitas pessoas têm intensificado a proteção com uso de luvas. Contudo, a Organização Mundial da Saúde alerta que as luvas descartáveis só deverão ser utilizadas por profissionais da área de saúde ou por alguém que esteja cuidando de uma pessoa com a Covid-19. Especialistas explicam que o uso das luvas pode gerar contaminação, onde bactérias e micro-organismos são transferidos involuntariamente de uma substância ou objeto para outro com efeito prejudicial.

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